Por Simão Zygband
Muitas vezes me pergunto por que manter no ar o site Construir Resistência, criado há 3 anos, exatamente no Dia Internacional das Mulheres, o que por si só já representava algo vigoroso, surgido por minha iniciativa e de outras duas companheiras, pelo anseio de construir um local de fala, onde se lutasse pela democracia, contra o fascismo e, sobretudo, para eleger o presidente Lula e tentar respirar ares que não os impregnados pelo enxofre, exalados naquele ano pelo golpista Michel Temer e pelo fascista Jair Bolsonaro.
Pudemos comemorar a vitória. Demos nossa microscópica contribuição para eleger o Lula, reunindo em torno de um site e de um grupo de whatssapp de mesmo nome, o Construir Resistência, pessoas com diferentes opiniões e personalidades, de diversos segmentos sociais, como jornalistas, microempresários, profissionais liberais, metroviários, médicos, professores, militantes de partidos de esquerda e do movimento social, que se juntaram em um grupo virtual, em torno de um site, para tentar conseguir denominadores comuns que ajudassem a libertar o país do fascismo.
É óbvio que não conseguimos completamente. Com a eleição do presidente Lula, conseguimos vencer uma batalha, mas não a guerra, que continua ocorrendo no nosso cotidiano, com a opressão e a morte de inocentes, com o assassinato de dezenas de pretos e pobres realizados pela polícia truculenta dos fascistas Tarcísio de Freitas, em São Paulo, ou de Cláudio Castro, no Rio de Janeiro e até mesmo sob o nariz do governador petista Jerônimo Rodrigues, na Bahia ou em todas as periferias do país.
É possível elencar ainda o genocídio continuado dos Yanomamis, ocorrido em pleno território nacional, nas aldeias espalhadas pelos estados de Roraima e Amazonas que, apesar dos esforços do governo Lula, não foram suficientes para enfrentar a ação dos garimpeiros que, hoje em dia, atuam muitas vezes como criminosos e chegaram até a assassinar o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, no episódio com maior repercussão internacional.
Neste 8 de março, deveria estar aqui enaltecendo a luta da Mulheres, cotidiana, que ocorre em todos os lares espalhados pelo mundo, nas mais suntuosas mansões nos Estados Unidos até a mais modesta moradia às margens do rio Ganges, na Índia. Mas o machismo e a misoginia não tem cor, raça, credo ou classe social. Acontece até entre aqueles que se consideram de esquerda. Ocorre em todos os lugares, muitas vezes, insulflado por elas mesmas, aceitando o discurso e o ideário do “macho alfa”, branco e hetero.
Mas o Construir Resistência sobreviveu a todas as intempéries, continuou existindo aos trancos e barrancos, com problemas financeiros e técnicos, que lhe custaram dias fora de combate, sobretudo o site, que tem uma baixíssima monetização e que “sobrevive” de eventuais contribuições através de pix, daqueles que não apenas colaboram com suas “verdades” (como fazem 99% dos participantes do grupo de whatssapp), mas que entenderam que era fundamental manter vivo este minúsculo ariete de combate ao fascismo. É isso que dá forças para continuar, de não desistir.
O Construir Resistência ainda tem um longo trabalho pela frente e talvez não resista ao desânimo que abate quando se vivencia diariamente uma tragédia humanitária como ocorre na Ucrânia (esvaziada, ao menos nos noticiários) e que ateou fogo nos corações e mentes das pessoas, “combatentes” que se tornaram, cheios de juízos de valores e de razão, no hediondo conflito do Oriente Médio.
Mas o Brasil de Lula e do nosso campo tem problemas gravíssimos que devem ser enfrentados de frente, não esquecendo, evidentemente, das questões internacionais. Temos ainda um país extremamente dividido, com parte da população controlada pelas milícias, pelo narcotráfico e por todo tipo de máfia, onde o feminicídio explode e ainda sob o nosso governo, em 2023, quatro mulheres foram cruelmente assassinadas ao dia, a maioria por um macho que se julgava dono de seu corpo e de sua mente.
Vamos combinar que não temos muito a comemorar. É preciso levantar a cabeça e continuar a guerra.
E este é o motivo da existência do Construir Resistência.
Um salve ao Dia Internacional das Mulheres
Jornalismo de forma séria

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Simão Zygband é jornalista, editor do site Construir Resistência, com passagens por jornais, TVs e assessorias de imprensa públicas e privadas. Fez campanha eleitorais televisivas, impressas e virtuais, a maioria vitoriosas.