Construir Resistência

8 de março de 2024

Tarcísio Massacre

Tarcísio não “tá nem aí” com a matança na Baixada por ter feito escola de chacina no Haiti

Por Simão Zygband “Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”. Esta foi a resposta do governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao ser informado que ele fora denunciado pelas execuções na Baixada Santista no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra (Suíça).pela ONG Conectas e a Comissão Arns. A PM paulista, nas operações Escudo e Verão III, comandadas por Tarcísio de Freitas e o secretário de Segurança Pública de São Paulo, o capitão da rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), Guilherme Derrite, já contabilizava 55 mortes em pouco mais de 2 meses, muitas delas com suspeita de execução. “O governador Tarcísio de Freitas promove atualmente uma das operações mais letais da história do estado: a Operação Escudo”, afirmou Camila Asano, da Conectas, na denúncia. Mas as acusações não se limitam aos homicídios praticados pela polícia. O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo, abriu investigação para apurar denúncias de que corpos foram levados para hospitais como se estivessem vivos, alterando o local das execuções por policiais que se recusam a utilizar câmeras nos uniformes. É claro que o governador, fã do extremista Jair Bolsonaro, de quem foi ministro e a quem deve a eleição no estado de São Paulo, não se importa com matanças, já que certamente presenciou (se é que não participou diretamente)  de um sangrento episódio no Haiti, envolvendo o Exército Brasileiro, tendo como comandante o general golpista, Augusto Heleno. Tarcísio de Freitas era um dos seus subordinados e estava entre os oficiais, em um dos postos de comando. Na madrugada de 6 de julho de 2005, as tropas de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah), comandadas pelos brasileiros, realizaram um massacre na maior favela da capital haitiana, Porto Príncipe, a Cité Soleil, quando morreram 63 pessoas e outras 30 ficaram feridas. A ação foi objeto de denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), baseada em depoimentos de moradores e em relatório elaborado pelo Centro de Justiça Global e da Universidade Harvard (EUA). No documento, a Minustah foi acusada de permitir a ocorrência de abusos, favorecer a impunidade e contribuir para a onda de violência no país caribenho. Desdém Tarcísio deve estar querendo agora no governo de São Paulo, com tamanha letalidade da PM na Baixada Santista sob o seu comando, que o número de mortes ultrapasse os que eles obtiveram no Haiti. O governador de São Paulo desdenha achando que a ação na ONU não vai dar em nada. Ele desafia, sorri e dá de ombros aos direitos humanos. Tal qual seu “mito”, acha linda a execução de pobres, sobretudo se for por doenças como a Covid ou ou na mira de uma arma da polícia. Ele pretende competir em mortandade com seu ex-chefe, o general golpista Augusto Heleno, que deixou 63 famílias enlutadas em Porto Príncipe. O governador ainda está em 55, conforme a última contagem. Jornalismo de forma séria     Leia, apoie, critique, contribua com o Construir Resistência. Não seja apenas uma massa de manobra 😂 Pix para Simão Zygband  11 911902628  (copie e cole este número no pix. Qualquer quantia é bem vinda☝️) Simão Zygband é jornalista, editor do site Construir Resistência, com passagens por jornais, TVs e assessorias de imprensa públicas e privadas. Fez campanha eleitorais televisivas, impressas e virtuais, a maioria vitoriosas.      

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Assim elas comemoram a vitória

Da Casa do Povo Em referência à publicação que anunciava a criação da Casa do Povo no Bom Retiro, em 1946, um texto escrito por seus fundadores diz o seguinte: “Assim eles comemoraram a vitória”. A frase era um convite para a construção do espaço como um monumento vivo à vitória contra o nazi-fascismo. Em 2017, a convite da Casa do Povo, a artista Yael Bartana criou o neon que ilumina a fachada do prédio e que diz: “Assim elas comemoram a vitória”. Mover a frase para o feminino e para o presente foi uma maneira de resgatar a presença de inúmeras mulheres que contribuíram para a construção da instituição, mas que não estão devidamente visibilizadas na narrativa oficial, da mesma forma que os homens presentes em tantos documentos e pesquisas. Quem são as mulheres que fazem parte da história da Casa do Povo? Trazer o protagonismo feminino para a cena é uma tarefa central nas práticas dos acervos da Casa do Povo. No último ano, foi lançada uma chamada aberta para pesquisadores que tivessem propostas para mergulhar nas histórias de mulheres a partir de documentos e coleções. O resultado foi uma pesquisa conduzida por Emily Kimura, que em breve estará disponível para consulta no banco de dados online. Neste Dia Internacional das Mulheres, aproveitamos para apresentar o pontapé inicial da pesquisa em andamento e homenagear algumas das mulheres que ajudaram a pavimentar a atuação da Casa até o presente. Segundo Emily Kimura, o projeto Mulheres no Acervo “foi orientado pela necessidade de responsabilização diante da falta de registro e apagamentos no acervo. O trabalho partiu da seguinte pergunta: é possível que os espaços de memória, preservando seus arquivos, se posicionem politicamente para uma reparação histórica a partir de uma documentação mais ética e justa?” Emily estudou os registros documentais em três dimensões – linguagem, conteúdo e estrutura – e desenvolveu estratégias para evidenciar as mulheres presentes. Na prática, isso resultou na criação de fichas de pesquisa e palavras-chave que passarão a concentrar esses registros na busca do banco de dados, facilitando assim pesquisas futuras. Para iniciar o trabalho, Emily escolheu histórias de mulheres que tiveram importância fundamental na história da Casa e construiu fichas com suas biografias. Segundo elu, “o principal desafio foi sintetizar seus feitos, que vão muito além da Casa do Povo”. Um ponto interessante é perceber como muitas destas mulheres estiveram envolvidas em trabalhos de cuidado ou de ajuda mútua. É o caso de iniciativas vinculadas à instituição, como a Associação Feminina Israelita Brasileira (AFIB) que organizava a Colônia de Férias Kinderland, e os eventos do Ginásio Israelita Brasileiro Scholem Aleichem. MULHERES NOS ACERVOS DA CASA DO POVO ELISA KAUFFMAN ABRAMOVICH (1919 – 1963) Tornou-se a primeira mulher eleita para a Câmara Municipal de São Paulo, em 1947. Por fazer parte do Partido Comunista Brasileiro (PCB), seu mandato foi cassado antes de assumir o cargo. Elisa foi uma educadora memorável, participando ativamente da criação da Escola Scholem Aleichem, da qual foi diretora entre 1958 e 1962. Teve papéis de destaque no Clube I. L Peretz, na Organização Feminina Israelita de Assistência Social (OFIDAS) e na Associação Feminista Israelita Brasileira (AFIB). TATIANA BELINKY (1919 – 2013) Atuou como jornalista, escritora, dramaturga, adaptadora e tradutora de russo, alemão, inglês e francês. Trabalhou com produções para o teatro e televisão. Na Casa do Povo, foi responsável por diversas peças encenadas pelos alunos da Escola Scholem Aleichem, além de dramaturga da peça “O Mágico de Oz”, apresentada na inauguração do TAIB pelo elenco infantil do Clubinho I. L Peretz. Teve uma carreira de destaque nos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, e na TV Tupi, onde fez a primeira adaptação televisiva de “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”. Em 2009, foi eleita para uma das cadeiras da Academia Paulista de Letras pelas suas notáveis contribuições literárias e teatrais. RAQUEL ZUMBANO ALTMAN (1938 – 2002) Teve uma vida comprometida com o universo da infância e da promoção dos direitos das crianças. Raquel foi uma figura proeminente na AFIB e fez parte da Comissão de organização do Kinderland entre 1980 e 1985. Foi uma das pioneiras na criação de brinquedotecas no Brasil, construindo iniciativas como a do GRAAC, Hospital das Clínicas – Instituto da Criança, e do Instituto Boldrini, além de pesquisadora importante sobre brinquedos e o brincar. Também contribuiu para a fundação da ABRINQ, da qual foi Presidente do Conselho Consultivo e membro do Conselho de Administração. DINA LIDA KINOSHITA (1947) Nascida em um campo de refugiados em Munique, foi militante ativa do PCB e de organizações voltadas para o bem comum. Entre 1982 e 1985, foi diretora do Instituto Cultural Israelita Brasileiro (ICIB), onde organizava um cine-clube propondo conversas pela democracia por meio do cinema. Foi secretária do Conselho de Defesa da Paz (CONDEPAZ), de 1986 a 1990, dedicando-se à busca por soluções pacíficas para conflitos. Sua influência se estendeu internacionalmente, sendo membro permanente do Conselho Mundial da Paz (CMP) de 1986 a 2000. HUGUETA SENDACZ (1929) Nascida em Lodz, na Polônia, Hugueta teve um papel fundamental na fundação do Instituto Cultural Israelita Brasileiro (ICIB) por meio de iniciativas como teatro, coral e jornal. Sua contribuição foi vital para transformar o instituto em um monumento vivo da herança judaica. Participou ativamente do Coral Scheffer e foi integrante do Grupo Teatral do Instituto Cultural Israelita Brasileiro. Hugueta desempenha múltiplos papéis como pianista, maestrina, tradutora e atriz, e é uma das fundadoras e regente do Coral Tradição, grupo que segue cantando na Casa do Povo todas as semanas.   QUEM FEZ A PESQUISA? Emily Kimura é artista do corpo, cientista social e gestore de acervo. Possui Bacharelado em Antropologia pela Unicamp, pós-graduação em Museologia, Cultura e Educação pela PUC-SP e está cursando mestrado em Museologia pela USP. Pesquisa práticas documentais diversas como uma forma de questionar o modo dominante na construção de acervos e de possibilitar a navegação em diferentes mundos. Jornalismo de forma séria   Se você não está indignado, você está mau informado.

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Construir Resistencia

Construir Resistência completa 3 anos forjado na luta popular e democrática

Por Simão Zygband   Muitas vezes me pergunto por que manter no ar o site Construir Resistência, criado há 3 anos, exatamente no Dia Internacional das Mulheres, o que por si só já representava algo vigoroso, surgido por minha iniciativa e de outras duas companheiras, pelo anseio de construir um local de fala, onde se lutasse pela democracia, contra o fascismo e, sobretudo, para eleger o presidente Lula e tentar respirar ares que não os impregnados pelo enxofre, exalados naquele ano pelo golpista Michel Temer e pelo fascista Jair Bolsonaro. Pudemos comemorar a vitória. Demos nossa microscópica contribuição para eleger o Lula, reunindo em torno de um site e de um grupo de whatssapp  de mesmo nome, o Construir Resistência, pessoas com diferentes opiniões e personalidades, de diversos segmentos sociais, como jornalistas, microempresários, profissionais liberais, metroviários, médicos, professores, militantes de partidos de esquerda e do movimento social, que se juntaram em um grupo virtual, em torno de um site, para tentar conseguir denominadores comuns que ajudassem a libertar o país do fascismo. É óbvio que não conseguimos completamente. Com a eleição do presidente Lula, conseguimos vencer uma batalha, mas não a guerra, que continua ocorrendo no nosso cotidiano, com a opressão e a morte de inocentes, com o assassinato de dezenas de pretos e pobres realizados pela polícia truculenta dos fascistas Tarcísio de Freitas, em São Paulo, ou de Cláudio Castro, no Rio de Janeiro e até mesmo sob o nariz do governador petista Jerônimo Rodrigues, na Bahia ou em todas as periferias do país. É possível elencar ainda o genocídio continuado dos Yanomamis, ocorrido em pleno território nacional, nas aldeias espalhadas pelos estados de Roraima e Amazonas que, apesar dos esforços do governo Lula, não foram suficientes para enfrentar a ação dos garimpeiros que, hoje em dia, atuam muitas vezes como criminosos e chegaram até a assassinar o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, no episódio com maior repercussão internacional. Neste 8 de março, deveria estar aqui enaltecendo a luta da Mulheres, cotidiana, que ocorre em todos os lares espalhados pelo mundo, nas mais suntuosas mansões nos Estados Unidos até a mais modesta moradia às margens do rio Ganges, na Índia. Mas o machismo e a misoginia não tem cor, raça, credo ou classe social. Acontece até entre aqueles que se consideram de esquerda. Ocorre em todos os lugares, muitas vezes, insulflado por elas mesmas, aceitando o discurso e o ideário do “macho alfa”, branco e hetero. Mas o Construir Resistência sobreviveu a todas as intempéries, continuou existindo aos trancos e barrancos, com problemas financeiros e técnicos, que lhe custaram dias fora de combate, sobretudo o site, que tem uma baixíssima monetização e que “sobrevive” de eventuais contribuições através de pix, daqueles que não apenas colaboram com suas “verdades” (como fazem 99% dos participantes do grupo de whatssapp), mas que entenderam que era fundamental manter vivo este minúsculo ariete de combate ao fascismo. É isso que dá forças para continuar, de não desistir. O Construir Resistência ainda tem um longo trabalho pela frente e talvez não resista ao desânimo que abate quando se vivencia diariamente uma tragédia humanitária como ocorre na Ucrânia (esvaziada, ao menos nos noticiários) e que ateou fogo nos corações e mentes das pessoas, “combatentes” que se tornaram, cheios de juízos de valores e de razão, no hediondo conflito do Oriente Médio. Mas o Brasil de Lula e do nosso campo tem problemas gravíssimos que devem ser enfrentados de frente, não esquecendo, evidentemente, das questões internacionais. Temos ainda um país extremamente dividido, com parte da população controlada pelas milícias, pelo narcotráfico e por todo tipo de máfia, onde o feminicídio explode e ainda sob o nosso governo, em 2023, quatro mulheres foram cruelmente assassinadas ao dia, a maioria por um macho que se julgava dono de seu corpo e de sua mente. Vamos combinar que não temos muito a comemorar. É preciso levantar a cabeça e continuar a guerra. E este é o motivo da existência do Construir Resistência. Um salve ao Dia Internacional das Mulheres   Jornalismo de forma séria     Leia, apoie, critique, contribua com o Construir Resistência. Não seja apenas uma massa de manobra 😂 Pix para Simão Zygband  11 911902628  (copie e cole este número no pix. Qualquer quantia é bem vinda) Simão Zygband é jornalista, editor do site Construir Resistência, com passagens por jornais, TVs e assessorias de imprensa públicas e privadas. Fez campanha eleitorais televisivas, impressas e virtuais, a maioria vitoriosas.        

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