No país de não leitores cartas pra que te quero?

Por Adriana do Amaral

 

Há um ano, quando eclodiu a #pandemia no Brasil, podíamos ter aprendido as lições que vinham de longe, dos países afetados pela #Covid-19 antes de nós, mas não o fizemos. Choramos pelos italianos, mas não choramos pelo Brasil. Afinal, quem se importava com aqueles brasileiros desconhecidos? Hoje, os mortos começam a ter nome, rosto, histórias, não é mesmo?

 

Há um ano, as manifestações se limitavam às “cartas de protestos”, divulgadas por entidades diversas que registravam a sua indignação. Hoje, as cartas são escritas por pessoas mais poderosas: empresários e senadores que buscam “soluções”. Ou meramente lavam as suas mãos em tinta?

 

Hoje, no grande cemitério que se transformou o Brasil, os que pedem a “ajuda internacional” e somam ao coro dos descontentes são os mesmo que se calaram no decorrer de 2020 deixando a ganância econômica do lucro e poder absoluto permitir a #pandemia vencer. Quem deles cobrou políticas públicas? Quem deles votou pelo impedimento? Quem deles doou parte das fortunas? Quem deles ajudou a salvar uma vida? Quem dele manteve os postos de trabalho? Quem deles defendeu o Auxílio Emergencial?

 

Hoje, o Brasil se transformou no país da retórica escrita para “gringo” ler. Porque o brasileiro pouco lê ou pouco entende as mensagens. As notícias faltas, conhecidas por fakenews, tornaram-se pós-verdade publicada nos jornais, ouvidas nas rádios e telejornais. Sobretudo, lida nas mídias sociais e grupos de whatsapp. Mentira repetida muitas vezes vira verdade, não é mesmo?

 

O presidente mente descaradamente. A minha mãe acredita.

 

Amanhã não será diferente se mantivermos essa postura passiva. Afinal, no papel cabe tudo. É preciso pensar um projeto para o Brasil, onde a sociedade tenha vez e voz. Difícil em tempos de #isolamentosocial, pois o bom-senso e a saúde coletiva nos impede de ir para as ruas…

 

Temos a possibilidade de somar a participação popular em petições públicas, mas até elas serem votadas será um longo caminho. O Conselhos participativos também são oportunidades de construção de políticas públicas, mas é no corpo a corpo que iremos difundir a notícia real.

 

Vivemos – se sobrevivermos à #Covid-19 – o limite que determinará o futuro próximo. O cenário que vejo não é alentador. Vejo mais mortes, desemprego, fome, violência e abandono no Brasil abençoado por Deus e bonito por natureza.

 

Antes que seja tarde demais, é preciso aprender a lição ensinada pelo Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire:

 

Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, os homens se libertam em comunhão.

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