Por Palas Athena
Sua indicação e aprovação carregavam diversas simbologias, a maior delas: a continuidade da “guerra” entre a civilização (governo Lula/democracia) e a barbárie (bozofascismo/golpe militar miliciano).
Quando foi indicado ao STF, Cristiano Zanin teve resistência. Interessante é que foi muito mais do campo progressista e da mídia oligárquica, viúva do lavajatismo e do lawfare contra Lula/PT/governos populares, do que da extrema-direita.
Mas Zanin tinha a vantagem de ser um personagem limitado ao mundo jurídico, sem nenhuma projeção política. A sua “guerra” (enfrentar o lawfare contra Lula) já tinha sido vencida. Também teve meses para peregrinar nos gabinetes de senadores. E é branco, da elite paulista conservadora.
Flávio Dino tem outra dimensão, amplíssima. Sua indicação e aprovação carregavam diversas simbologias, a maior delas: a continuidade da “guerra” entre a civilização (governo Lula/democracia) e a barbárie (bozofascismo/golpe militar miliciano). Não por acaso Dino é nordestino, pardo, progressista (comunista assumido). Nossa cidadela.
A sabatina e a votação na CCJ e no plenário foram mais um turno das eleições de 2022. Dino obteve 3 votos acima para passar na Comissão e 6 votos acima do mínimo em plenário. Considerando a votação de outros ministros, foi “raspando”.
E essa aprovação exigiu um trabalho intenso de Lula, com auxílio de Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Rodrigo Pacheco e até alcolumbre. Além disso, Dino angariou muito apoio de associação de juízes, magistrados, defensores públicos, igreja católica e dos milhares de fãs/apoiadores.
A extrema-direita havia encarado essa indicação como uma luta de vida ou prisão, para além dos receios do papel de Dino no STF. Ela sabe a simbologia que ele representa. Em função disso, Flávio Dino foi literalmente satanizado no público bozofascista e além. Os neopentes bozos fizeram campanha contra ele nas igrejas, principalmente, associando comunismo-satanismo.
A extrema-direita sabia que a aprovação de Dino é uma derrota simbólica dela, guardadas as proporções, com impacto próximo ao da derrota eleitoral.
Obviamente que “frente ampla” para aprovação de Flávio Dino não teria força, se não fosse ele próprio um dínamo, um homem jurídico e político excepcional, tanto que conseguiu conquistar dois votos de oposição, além dos 14/15 votos que o governo garantia na sua base na CCJ.
Havia o risco, sim, de Dino ter uma vitória muito mais apertada, que pudesse soar como fraqueza do governo. Não foi à o presidente Lula se empenhou pessoalmente na articulação, inclusive fazendo a manobra de “demitir” três ministros ontem, em edição extraordinária do Diário da União, para reassumirem a cadeira do Senado e votarem em Dino. Hoje devem ser empossados de novo.
Por que estou comentando isso? Porque os perfis de ministros, deputados, senadores que apoiam o governo, o próprio Alexandre de Moraes postaram mensagens de felicitações a Dino, de uma maneira tão festiva que é como se fosse o resultado das eleições de novo. Não é achismo não. Grande parte de quem felicita Dino fala em fortalecimento da democracia, como gilmar mendes em sua postagem no tuinto X. Vencemos!
E em que é importante termos isso em mente? É para ficarmos espertos e mais atentos ao fato de que não temos a pálida ideia do esforço que o governo tem de fazer, das negociações de bastidores, das traições, chantagens e da enorme capacidade de Lula e outros atores políticos (no sentido amplo do termo) agirem para manterem a cidadela da democracia reconquistada de pé.
Quando critico o derrotismo de jornalistas/comentaristas da mídia progressista em relação ao governo Lula, é por essa razão. A gente não pode perder de vista que estamos vencendo batalhas épicas. E isso não é pouco não.
Palas Athena é pseudônimo. Foi mantida sua grafia original, que coloca os nomes próprios em letra minúscula. Nem o editor do Construir Resistência conhece a verdadeira identidade da escriba. Seus textos são obtidos diretamente do Facebook.
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