Sonia Guajajara e Anielle Franco tomam posse para fortalecer luta anti-racista e defesa dos Povos Indígenas

Da Redação com Correio Brasiliense e G1

Adiadas depois dos ataques terroristas do último domingo, cerimônia foi realizada em conjunto no Palácio do Planalto 

A cerimônia de posse das ministras Sonia Guajajara, titular da pasta dos Povos Indígenas, e Aniele Franco, do Ministério da Igualdade Racial, foi realizada em conjunto nesta quarta-feira (11/01) no Palácio do Planalto. O evento, com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diversos ministros de estado e parlamentares, contou também com muitas lideranças do movimento negro, assim como de povos indígenas.

Repleta de simbolismos, a solenidade foi marcada pela sonoridade da cultura de matriz africana, do samba e da música indígena. O Hino Nacional foi executado na língua indígena Tikuna. O ato foi apontado como uma demonstração da força e coesão do governo após os atos terroristas do último domingo (8/1), que adiaram a cerimônia, inicialmente marcada para acontecer na segunda-feira (9).

Em seu discurso, Anielle Franco homenageou a irmã Marielle, ex-vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 14 de março de 2018, e elencou uma série de ações voltadas ao combate à desigualdade racial, em especial, fortalecendo o papel das mulheres negras.

Durante a fala, Anielle Franco disse que assume o compromisso de exercer o cargo com “transparência, seriedade, técnica, combatividade, cuidado, respeito à trajetória e conquistas dos movimentos sociais e muita escuta

Injúria racial

Durante o evento, o presidente Lula assinou a sanção da lei que equipara injúria racial ao crime de racismo. A lei, aprovada em dezembro pelo Congresso Nacional, aumenta a punição nos casos de injúria e adiciona agravantes no caso de ocorrência em locais esportivos ou artísticos.

“E neste dia histórico em que o verdadeiro Brasil toma posse, a partir da caneta de nosso presidente Lula e com o peso de uma luta de gerações pela criminalização do racismo, damos mais um passo no caminho da promoção de reparação e igualdade. Saúdo a todos os juristas, ministros e secretários envolvidos na construção do PL que será assinado agora e que sinaliza um país do futuro sem racismo”, destacou a ministra da Igualdade Racial.

Povos indígenas

Sônia Guajajara ressaltou a importância da história ancestral dos povos indígenas no país. “O quanto esse momento é significativo para mim e para os povos indígenas do Brasil”, destacou. A ministra fez questão de ressaltar que os povos indígenas não são nem a imagem romantizada nem uma imagem muitas vezes demonizada que circula na sociedade, mas são diversos povos plurais. “Se é verdade que muitos de nós resguardam modos de vida que estão nos imaginários da população brasileira, é importante lembrar que temos muitas formas de vidas diferentes.”

Guajajara enfatiza que os indígenas não estão no passado, vivem no mesmo tempo que toda a população. “Somos contemporâneos nesse presente e vamos construir o Brasil do futuro”. Ela destaca ser necessário combater o racismo e a “invisibilidade” de séculos da população indígena nacional.

Apontando que as populações indígenas foram uma das que mais sofreram com a pandemia de Covid 19, fez fortes críticas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e ao negacionismo defendido por ele, que trouxe ainda mais efeitos na população das comunidades isoladas. Sob muitos aplausos, anunciou que será recriado o Conselho Nacional de Política Indigenista, que prevê uma participação paritária entre representações indígenas de todos os estados brasileiros e os órgãos do Executivo Federal.

“Se estou aqui hoje, é graças à força ancestral e espiritual de meu povo Guajajara Tentehar. Graças a resistência secular da luta dos povos indígenas do Brasil. Graças, também, à minha persistência de nunca desistir”, apontou a ministra. Os discursos deram grande ênfase na participação feminina no ministério de Lula.

 

 

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