Sobre o editorial da Folha “Ensaio de ditador” (06/08/2021)

Por: Francisco José Nunes

Quando a #FolhadeSPaulo diz que a “Inação de PGR e Congresso põe a democracia em risco” é importante frisar que a democracia acabou quando a Folha e os demais grupos de comunicação apoiaram a #LavaJato, que culminou no #Golpede2016 (“com o #STF, com tudo”). Que a Folha proibiu os seus jornalistas de escrever que o candidato à Presidência era um “político de extrema direita”.

É impressionante como o Grupo Folha gosta de passar vergonha em público”!

Quer dizer que apenas 30 anos depois de ter entrado na vida pública é que a Folha descobriu que o atual presidente é um “Ensaio de ditador”. Aquele que tem por herói o torturador e assassino #BrilhanteUstra!

A Folha está equivocada ao afirmar que há “ausência de governo”. Muito pelo contrário!

O governo está cumprindo religiosamente o que prometeu na campanha: desmonte da Previdência Pública, desmonte da Legislação Trabalhista, desmonte do Funcionalismo Público, desmonte do Ensino Público, desmonte do #SUS, desmonte da Ciência e Tecnologia, desmonte da Legislação Ambiental, autonomia total do #BancoCentral, venda “a preço de banana” do Patrimônio Público (#Petrobrás, #Eletrobrás, #Correios etc), “bolsa banqueiros”, benefícios escandalosos para os militares, “liberô geral” para a compra de armas e munição (em benefício dos milicianos e dos “cidadãos de bem”). A lista é interminável!

A própria Folha denunciou o uso de “disparos em massa” de mensagens na internet durante as eleições de 2018 e ficou por isso mesmo. Só esse crime já seria suficiente para anular a eleição da chapa. Não bastasse a prisão ilegal do candidato que estava em primeiro lugar durante a campanha.

O cinismo da Folha é tão grande que, ao relacionar alguns dos problemas econômicos: alta no desemprego, aumento nos preços da energia, dos produtos alimentícios, dos combustíveis, dos aluguéis, fuga de investidores, desvalorização do real, agressão aos parceiros comerciais etc. A Folha não reconhece que abraçou e se beneficia da agenda neoliberal capitaneada pelo Ministro #PauloGuedes.

A Folha reclama a respeito da falta de exame dos mais de 100 pedidos de #impeachment, cobra de #ArthurLira (PP-AL), mas omite o papel nefasto de #RodrigoMaia (ex-DEM-RJ). A Folha cinicamente apela para as instituições, para que impeçam o presidente de aprofundar o golpe e de acabar com essa fachada de democracia. Mas a Folha não diz que esse estado de coisas conta com o apoio de instituições poderosas: os banqueiros, os empresários, o agronegócio, os magnatas da comunicação, a maioria dos católicos, a maioria dos evangélicos, os militares, o Judiciário, o CFM, a OAB. A lista é enorme.

Não se pode esperar nada, em benefício da democracia, que venha de um jornal que apoiou o #Golpede1964, forneceu caminhonetes para os grupos da repressão, afirmou em editorial que foi apenas uma “ditabranda”, surfou na Campanha das #DiretasJá, mas entregou a “eleições indiretas”.

Não assino e nem leio a Folha diariamente há muito tempo. Li esse editorial por recomendação de alguns amigos. Lamentavelmente muitos amigos continuam assinando a Folha e o #UOL. Muitos continuam escrevendo e dando entrevista para estes veículos.

É preciso mais do que nunca deslegitimar esses “latifúndios da comunicação”. É preciso fortalecer a imprensa independente e de esquerda.

É preciso combater o mito da “neutralidade da imprensa”.

Reproduzimos abaixo o editorial “Ensaio de ditador”:

Inação de PGR e Congresso ameaça democracia; urge reagir, até por sobrevivência

Jair Messias Bolsonaro é um presidente contra a Constituição. Comete desvarios em série na sua fuga rumo à tirania e precisa ser parado pela lei que despreza.

Há loucura e há método na sequência de investidas contra a democracia e o sistema eleitoral, ao passo que o país é duramente castigado pela ausência de governo. São demasiadas horas perdidas com mentiras, picuinhas e bravatas enquanto brasileiros adoecem, morrem e empobrecem.

Os danos na saúde, na educação e no meio ambiente, cujos ministérios têm sido ocupados por estafermos, serão sentidos ao longo de gerações.

Os juros sobem e a perspectiva de crescimento cai quando há nada menos que 14,8 milhões de desempregados. A disparada nos preços de energia e comida vitima os mais pobres. Artimanhas para burlar a prudência orçamentária afugentam investidores.

Aqui a insânia encontra o cálculo. Ao protótipo de ditador cujo governo fracassou resta enxovalhar as instituições e ameaçá-las de ruptura pela força.

Mas o uivo autoritário encontrou reação firme de agentes da lei. O Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral incluíram o presidente da República em inquéritos, que precisam ir até o fim.

Os presidentes da Câmara e do Senado e o procurador-geral da República, no entanto, não entenderam o jogo. Por ingenuidade ou interesse equivocado, associam-se a uma figura que se pudesse fecharia o Congresso, o Ministério Público e o Supremo.

Falta ao procurador Augusto Aras perceber que a vaga que ambiciona no STF de nada valeria em um regime de exceção; ao deputado Arthur Lira (PP-AL), que a pusilanimidade de hoje não seria recompensada com mais poder em uma ditadura.

A deliberação sobre os pedidos de impeachment torna-se urgente. Da mesma maneira, os achados e conclusões da CPI da Pandemia devem desencadear a responsabilização do presidente. À Procuradoria cumpre exercer a sua prerrogativa de acionar criminalmente o chefe do governo.

A inação de Aras e Lira põe em risco a democracia; é preciso reagir, até pela própria sobrevivência.

Francisco José Nunes é Mestre em Ciências Sociais – PUC-SP; Graduado em Filosofia; Professor na Faculdade Paulista de Comunicação – FPAC.

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