Racista saiu da delegacia pela porta da frente

Por Jarbas Capusso Filho

E deu a lógica desse Brasil brasileiro. Apesar das imagens, dos áudios e das testemunhas, a racista Sandra Mathias Correia de Sá, saiu da delegacia pela porta da frente, livre, leve, no salto e oclão, certamente comprado no Saara. Imaginar uma mulher branca, moradora de São Conrado, ser presa só porque chicoteou um homem negro, morador de uma comunidade, a Rocinha, convenhamos, é pedir muito. Sim, muito. O Brasil, sempre viveu um falso self patológico (Winnicott). Somos bovarianos (Madame Bovary, Flaubert), no sentido que criamos uma autoimagen falsa. Tentamos ser o outro.

A imagem de cordial, acolhedores e felizes? Nunca fomos! Somos herdeiros da barbárie e nos identificamos com isso. A história do Brasil é permeada de massacres dos desiguais. E, nos últimos quatro anos, convivemos com essa barbárie, autorizada e estimulada, diariamente, pelos coleguinhas que insistiram, por duas vezes no Bolsonaro. Desse mal eu não sofro.

O que acontece? O Estado brasileiro, usado e abusado, pelas elites, como coisa privada (patrimonialismo) elege quem serão privilegiados e quem serão só servidão. E isso foi decidido há séculos atrás na escravidão e na abolição. Sim, quando delegamos a população preta “liberta” a indigência. Para branquear o país, importamos europeus, com muitos benefícios. Aos negros restou o subemprego e servir.

E gente branca como essa racista (fogo nos racistas, Djonga) exige privilégios. O de ser servida. Coisa que só acontece no Brasil. Vai bancar o fodão num restaurante em Paris ou Espanha.

Esse fenômeno histórico retornou com a expansão do serviço de entrega. Gente impregnada de ignorância e ódio se identifica e internaliza essa barbárie. O alvo? Pessoas pretas que servem. A escravidão atualizada. Inclusive às forças de segurança e o judiciário, braços policialescos das elites. O nosso judiciário é elitista, racista e patriarcal. Ainda estamos esperando um racista preso, e condenado, para valer.

E prestem atenção: Se não houver mobilização e pressão social, principalmente das mulheres, o estuprador e torturador, Thiago Brennand, herdeiro de uma das maiores oligarquias do Nordeste, agora extraditado para o Brasil (faz o L) nem esquenta a bunda.

Jarbas Capusso Filho é psicólogo clínico, dramaturgo e roteirista de TV

 

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