Pesquisas eleitorais: “a velha arte de torturar os dados até que eles confessem”

Por Alceu Luís Castilho 

A notícia sobre pesquisas eleitorais em São Paulo é a seguinte: institutos batem cabeça e divulgam dados opostos. Dados que não batem entre si. Fora da margem de erro.

Por quê?

Os números da Atlas divulgados hoje mostram Boulos bem à frente de Nunes e Marçal. Boulos “oscila”, diz a chamada do UOL. Com uso maroto do verbo. Boulos “oscila”, Boulos “vacila”.

Ora, Boulos lidera com folga nessa pesquisa, caros editores.

Na Real Time os três estão “tecnicamente empatados”, diz o mesmo portal. Embora um tenha 27%, outro 24%, outro 21%.

Ou seja, em uma pesquisa onde um cabra está bem à frente fala-se em “oscilação”. Em outra, todos estão “tecnicamente empatados”.

É a velha arte de torturar os dados até que eles confessem, mas em nome da “técnica”, algo que estaria pairando acima de todos nós, mortais. Sem curvas, sem identificação de macrotendências. (Como a queda evidente de Marçal.)

Dois para cá, dois para lá, e os técnicos impolutos dos institutos impolutos e os jornalistas impolutos dos portais impolutos repercutem tudo isso da forma supostamente anódina que são divulgadas as pesquisas neste país poluto.

E tivemos o Datafolha há alguns dias, não? O instituto do jornal que se fez a partir dessa ideologia da técnica, contando pessoas em manifestações, fazendo falsas simetrias na seção Tendências/Debates.

(“O senhor é a favor da destruição da Amazônia? Sim, não ou em termos?”)

A Folha divulgava o Datafolha dessa forma imperial que são divulgadas as pesquisas, dessa forma ora indutora, ora desanimadora, ora apocalítica, sempre definitiva, paradoxalmente definitiva, porque tem a margem de erro, dois pra lá, dois pra cá, mas Fulano Vai Ganhar e a História do Mundo acabou.

(O Datafolha não tem a menor dúvida que Nunes vencerá quase qualquer bípede no segundo turno, Boulos e qualquer candidato que tenha a ligeira pretensão de ser candidato em algum momento na história deste país.)

Para uma democracia fundada no positivismo, temos institutos de pesquisa positivamente crédulos, reverentes aos números de plantão como se a realidade fossem.

A notícia sobre pesquisas eleitorais em São Paulo é a seguinte: institutos batem cabeça e divulgam dados opostos. Dados que não batem entre si. Fora da margem de erro.

Por quê?

Os números da Atlas divulgados ontem mostram Boulos bem à frente de Nunes e Marçal. Boulos “oscila”, diz a chamada do UOL. Com uso maroto do verbo. Boulos “oscila”, Boulos “vacila”.

Ora, Boulos lidera com folga nessa pesquisa, caros editores.

Na Real Time os três estão “tecnicamente empatados”, diz o mesmo portal. Embora um tenha 27%, outro 24%, outro 21%.

Ou seja, em uma pesquisa onde um cabra está bem à frente fala-se em “oscilação”. Em outra, todos estão “tecnicamente empatados”.

É a velha arte de torturar os dados até que eles confessem, mas em nome da “técnica”, algo que estaria pairando acima de todos nós, mortais. Sem curvas, sem identificação de macrotendências. (Como a queda evidente de Marçal.)

Dois para cá, dois para lá, e os técnicos impolutos dos institutos impolutos e os jornalistas impolutos dos portais impolutos repercutem tudo isso da forma supostamente anódina que são divulgadas as pesquisas neste país poluto.

E tivemos o Datafolha há alguns dias, não? O instituto do jornal que se fez a partir dessa ideologia da técnica, contando pessoas em manifestações, fazendo falsas simetrias na seção Tendências/Debates.

(“O senhor é a favor da destruição da Amazônia? Sim, não ou em termos?”)

A Folha divulgava o Datafolha dessa forma imperial que são divulgadas as pesquisas, dessa forma ora indutora, ora desanimadora, ora apocalítica, sempre definitiva, paradoxalmente definitiva, porque tem a margem de erro, dois pra lá, dois pra cá, mas Fulano Vai Ganhar e a História do Mundo acabou.

(O Datafolha não tem a menor dúvida que Nunes vencerá quase qualquer bípede no segundo turno, Boulos e qualquer candidato que tenha a ligeira pretensão de ser candidato em algum momento na história deste país.)

Para uma democracia fundada no positivismo, temos institutos de pesquisa positivamente crédulos, reverentes aos números de plantão como se a realidade fossem.

E sem contrariar o patrão, não é mesmo? (Até porque são os números do Boulos que se mostram mais estáveis.)

Até o ridículo, que ainda perdura, de termos ciristas comemorando até hoje uma vitória contra Bolsonaro em um segundo turno curiosamente imaginário.

Onde a técnica impoluta passava a andar de mãos dadas com o fanatismo — como se pudesse existir segundo turno sem o primeiro.

Mãos de alface, braços de Horácio, goleiros pesquisadores saindo tresloucadamente do gol enquanto dão bronca nos eleitores eventualmente esperançosos, assim não dá, esses zagueiros estão todos errados. contrariar o patrão, não é mesmo? (Até porque são os números do Boulos que se mostram mais estáveis.)

Alceu Luís Castilho é jornalista e diretor do site De Olho nos Ruralistas

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