Por Léo Bueno
Não, gente, não dá não!
O Duda Lima, o cara que apanhou, já trabalhou sob contrato que eu supervisionava. Conheço-o.
Seria altamente decepcionante vê-lo envolver-se com o Nunes se a decepção já não estivesse completa por ele ter trabalhado com o inelegível.
Isto posto, é um sujeito educado, amigável e um marqueteiro competente. Que tenha participado da construção desse projeto de antipolítica e agora sangre pelo rosto com o resultado é talvez justiça poética, mas não deixa de ser dolorido.
Só que o buraco é mais embaixo. O trabalho de Lima é vender produtos por meio da propaganda. Todo mundo tem direito de recusar cliente, ele não era obrigado a aceitar um produto que fuja à ética. E mesmo assim é o que os publicitários costumam fazer, por definição.
Mas e os jornalistas? E os promotores? E os magistrados?
Este ser infecto e rastejante chamado Pablo Marçal pertence ao PRTB, um partido com menos de cinco cadeiras no Congresso.
NENHUM canal de mídia era obrigado a chamá-lo para um debate.
Por que chamam? Porque o sujeito dá audiência.
E acabam expondo-o exatamente nas vitrines que geram votos.
A Folha dá manchete sobre o cara todo dia.
Na quarta o SPTV vai entrevistá-lo.
Ele foi ao SBT, à Record e agora ao Flow.
Quando uma pessoa com a imagem séria concede exposição gratuita para alguém que destrói a harendtiana dignidade da política dessa maneira, obviamente a imagem séria dessa pessoa é pura hipocrisia.
E vai piorar daqui a alguns meses, quando estas redes de internet e TV fingirem que não têm nada a ver com a fama que esse cara amealhou – processo parecido com o que ocorreu ao ex-presidente, o genocida.
Nesse interim, o serzinho dá Ibope ao Burnier, à Denise Campos de Toledo e, agora, ao Tramontina.
O jornalista vinha dizendo que o debate do Flow estava sendo o mais qualificado de todos, com mais propostas dos candidatos.
Até os 45 do segundo tempo, quando deu-se a baixaria – uma tragédia anunciada.
A culpa, caramba!, é do Flow também!
É do Tramontina também!
E tem mais: já não passou da hora de cassar a candidatura do ser infecto-rastejante?
“Se o roubo bancário de aposentados não é suficiente, nem a morte de um sedentário maratonista, nem o resgate no Pico dos Marins, nem a fortuna inexplicada e inexplicável são suficientes para justificar a cassação, a completa destruição do mais sagrado processo constitucional por meio do qual nós escolhemos os guardiões das nossas leis não devia ser?”
Onde estão os promotores e os juízes para providenciar um ar minimamente respirável no dia da eleição?
Essa campanha vai entrar para a História como uma piada de mau gosto, e todos os personagens mencionados terão culpa nela.
Não somente o serzinho asqueroso.
Este devia pertencer somente ao xilindró.
Léo Bueno é jornalista
Uma resposta
Excelente texto!!!
Na mosca!
Gosto muito da expressão arendtiana, que você associou à própria Hannah colocando o “h”. Talvez eu a adote.
Abs.