Por Rogério Chaves
*Ennio Brauns* , fotógrafo e camarada, partiu ontem à tarde. Foi encontrar Alipio Freire, falar de política e arte, rir e debochar da vida.
E nós ficamos aqui, numa tristeza danada.
Nos últimos tempos, há pelo menos um ano, estávamos juntos no coletivo formado para a criação do Instituto Estação Paraíso.
Ontem, dia 23 de junho, sofreu um infarto poucas horas antes do lançamento da segunda edição do livro que batizou o instituto. Infelizmente não participou da atividade que reuniu a professora Walnice Nogueira Galvão, Edilson Moura, Jonathan Constantino e muita gente boa na histórica Maria Antonia, em São Paulo.
Lá, ontem, não pode assistir ao lançamento do site em homenagem ao Alipio e nosso Instituto. Ele nos ajudou a reunir conteúdos, contatou amigos e amigas em torno do projeto virtual.
Hoje, dia 24, ainda hospitalizado Ennio sofreu outros dois infartos e não resistiu, partiu. Encantado, agora deve mirar suas lentes de outro ângulo.
Ennio Brauns participou ativamente, na Fundação Perseu Abramo, da organização dos livros “Máquinas Paradas, Fotógrafos em Ação” (2017), junto de Adilson Ruiz, e “Movimento Negro Unificado – a resistência nas ruas” (2020), junto de Gevanilda Gomes dos Santos e José Adão de Oliveira.
Além destes livros, Ennio colaborou com outras publicações da FPA. Parte de seu acervo fotográfico está disponível no Centro Sérgio Buarque de Holanda (CSBH).
Obrigado, camarada Ennio, pela companhia e dedicação aos registros fotográficos de tantos momentos históricos das lutas populares.
A quem quiser e puder participar da despedida, o velório será hoje, dia 25, às 13h30 no Cemitério e Crematório Bosque da Paz, Rua Ifema, 850 – Jd Miriam, Vargem Grande Paulista/SP.
Que Luzia Cardoso, a companheira de Ennio, e familiares recebam nosso abraço solidário e fraterno. Luto é luta.
Nota do editor Simão Zygband
Ennio Brauns era meu amigo. Leitor e apoiador do site Construir Resistência. Vi que anteontem mesmo tinha lido as matérias que passei para ele. Constavam como lidas no whatsapp.
Prefiro não me alongar muito. Ele era um repórter fotográfico para quem a imagem não tinha tempo ruim. Era na Passeata LGBT+, na Marcha da Maconha, nas manifestações sindicais, na fundação do PT, nas greves do ABC, no Teatro Oficina, no jornal Diário Popular onde trabalhei com ele e em todo o canto onde pudesse apontar suas lentes e registrar o mundo, fosse o mais pitoresco, o mais colorido, o mais irreverente, o mais preto e branco que fosse.
Vai o Ennio, ficam seus registros. São milhares de cliques. Trouxe um pouco, muito pouco daquilo tudo que ele registrou. Nem daria tempo de trazer tudo que ele produziu. Peguei algumas aleatoriamente. Só faltavam as estrelas. E ele foi lá fotagrafá-las.
Elas falam por si só.
Obrigado Ennio Brauns.