Movimento Renova Centro faz manifesto sobre a Virada Cultural

Do Movimento Renova Centro

A virada do centro de São Paulo

“Precisamos da arte, tanto na organização das cidades quanto em outras esferas da vida, para ajudar a explicar a vida para nós. Precisamos de arte para nos reassegurarmos da nossa humanidade.” Jane Jacobs

Em “Noites Brancas”, um romance de 1848 de Fiódor Dostoiévski, um homem caminha solitário pelas ruas de uma cidade rude e deteriorada, imaginando fazer amizades com pessoas e com edificações. Na cidade de São Petersburgo que não escurece.

Em 2002, Christophe Girard, secretário de cultura de Paris propôs ao prefeito, Bertrand Delanoë, criar um percurso artístico noturno atribuído às artes contemporâneas durante toda a noite em Paris, fazendo que o dia nunca terminasse. Criou-se a Noite Branca de Paris (Nuit Blanc) que se espalhou pelas cidades europeias, e em 2005 o então prefeito da cidade de São Paulo inspirou-se na experiência parisiense, criando a primeira Virada Cultural em 2007.

Em Paris o evento promovia a ocupação do espaço público por meio de atividades artísticas em não-lugares, cujo objetivo era sua transformação num novo lugar onde o espaço pudesse ser redescoberto pela população local, de modo que todo o território tivesse durante o evento seu uso modificado, trazendo novos olhares para todo o espaço público.

De acordo com o site da Prefeitura municipal de São Paulo, “a Virada Cultural busca, antes de tudo, promover a convivência em espaço público, convidando a população a se apropriar do centro da cidade por meio da arte, da música, da dança, das manifestações populares”. Essa apropriação citada pela prefeitura tinha o plano de atrair novos moradores, fomentar o comércio e o turismo como forma de reativar o centro histórico para conter a crescente deterioração do espaço público e com isso diminuir a violência e o abandono.

Para Carlos Beutel, morador, empresário atuante no centro paulistano e coordenador do Movimento Renova Centro, que reúne moradores, trabalhadores e empresários da região, “a ideia da Virada era muito boa e, do início, a terceira edição até promoveu um boom na economia local; depois deixou de cumprir sua função e passou, apenas, a deixar um rastro de violência e confusão”.

De fato, a prefeitura parece ter esquecido o motivo central do evento que criou, reduzindo-o a mero entretenimento, parece ter perdido sua finalidade. No entanto, o movimento é favorável a uma nova edição da Virada Cultural no centro, mas totalmente remodelada e focada na renovação do Centro; hoje é só mais uma programação de shows como tantos que acontece na cidade. Importante, porém, sem a finalidade inicial e com o incomodo de trazer mais violência e barulho para os moradores do entorno, afastando-se de sua principal contribuição.

Na percepção do Renova Centro, realmente, a importância que as atividades artísticas têm no centro das cidades, é a defendida no livro Cities and the Arts, de Roger Kemp: ele reuniu uma coleção de artigos de ampla gama de fontes, para demonstrar que quando o investimento é concentrado em atividades artísticas na região central da cidade, os negócios e o comércio renascem e com ela a vida cotidiana floresce. No entanto, é importante entender que onde as atividades artísticas ajudaram a atrair mais vida para a área, eram nas mesmas cidades onde o poder público também desenvolveu um plano diretor especialmente voltado às artes.

Os recursos públicos e privados precisam ter convergência, é preciso criar um distrito das artes integrando os equipamentos públicos e privados, de forma que eles trabalhem em conjunto para promover, tanto atividades para moradores locais, quanto para o turismo cultural. As cidades precisam construir centros públicos de artistas para estimular a revitalização, desenvolver parques culturais urbanos, usar a arte pública para moldar a paisagem urbana.

O desenvolvimento cultural não deve ser dedicado apenas ao crescimento econômico, mas também ao apoio à vida cultural diversificada dos moradores da cidade, incluindo as atividades culturais cotidianas dos bairros. Os planos culturais devem abordar explicitamente como o desenvolvimento em grande escala afetará as economias da vizinhança, para que fique claro sua aplicação e eficiência na remodelação da vida dos grandes centros das cidades.

Movimento Renova Centro

Um coletivo de moradores, trabalhadores e empresários unidos pela reativação do centro histórico da cidade e bairros vizinhos, na autoafirmação de sua importância econômica e cultural da cidade

Entre em contato com o Movimento Renova Centro

F: 11 96515-7171 ou 98805-9171 (imprensa)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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