Campeã olímpica Honoris Causa
Já escrevi aqui que os #JogosOlímpicosdoJapão2021 precisam ser observados pelas “rebarbas”, pelo lado do avesso, pelas entrelinhas. O desempenho do Brasil é pífio para uma nação continental. Não que não tenhamos atletas de elite, mas os brasileiros que subiram no pódio devem suas medalhas a eles próprios e ao pequeno grupo de apoiadores que os cercam.
Rebeca Andrade tornou-se musa nacional. Merecidamente. Muita gente celebrou as duas medalhas: ouro e prata e torceu pelo quase bronze. Surpreendeu-se com a sua história de vida.
Pouco mais do que uma adolescente, é uma mulher negra periférica. Uma brasileira comum. Daquelas que têm coragem de romper os padrões e até mesmo ousou levar o som da favela, o funk brasileiro que fala sobre sexo para o mundo ver.
Tão importante quanto o feito no outro lado do mundo é o reflexo que Rebeca deixa nas jovens brasileiras. Sobretudo as negras e pobres.
Em entrevista, ela disse: me senti muito orgulhosa de mim. Acho que consegui representar a mulher.
Sim, Rebeca, você nos representou a todas as mulheres. Revelou também que havia treinado muito e que estava preparada para competir.
Como todo campeão olímpico Rebeca é um ponto fora da curva. Não fosse assim, as medalhas não seriam tão celebradas. Ela, no entanto, é mais do que uma medalhista, é uma brasileira que driblou as vicissitudes de viver num país excludente, onde nascer mulher, negra e pobre é risco de vida.
Eu teria muito a falar sobre Rebeca, que confesso mal conhecia. Ao ler as revelações pós medalha, principalmente da coragem da empregada doméstica criticada por deixar a filha sair de casa ainda na infância.
Não posso deixar de mencionar, também, que Rebeca foi parida por uma mulher que além de coragem teve a visão de matricular a filha numa escolinha de ginástica aos quatro anos de idade. Que soube aproveitar a oportunidade de uma política pública oferecida por um governo popular, numa das cidades periféricas da capital paulista. Matriarca que só pode realizar o sonho de toda a mãe, testemunhar um de seus filhos conquistar os próprios objetivos, pelas decisões tomadas no passado.
O governo do #PT, gestão #ElóiPietá, de #Guarulhos também pode se orgulhar dessa medalha. Afinal, como dizia o meu pai: tudo começa pelo início, e a trajetória de da campeã Rebeca foi iniciada aos quatro anos de idade, numa escolinha municipal de ginástica.
Dona Rosa contou, também em entrevista, que ensinou os filhos a colocarem os problemas para fora e a não desistirem sem tentar. A primeira lição aprendida por eles, sem dúvida foi a resiliência materna.
Espero que o Brasil saiba honrar Rebeca Andrade, não apenas pelas medalhas olímpicas, mas por ter sobrevivido à estatísticas.
Um futuro mais brilhante do que as suas medalhas, campeã!
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