Por Roberto Sander
A gente fica pensando no que pode ter sido pior na história da República do que esse governo que temos aí. Logo, é claro, aparece a lembrança dos anos de chumbo da ditadura militar, que significou a institucionalização da tortura, dos desaparecimentos, das perseguições e assassinatos.
Hoje, de uma certa forma, apesar de não termos esse nível de barbárie, a situação é mais dramática. A necropolítica de Bolsonaro, tornada oficial na pandemia, levou ao Planalto a atmosfera dos subterrâneos da ditadura.
Sim, hoje lá estão os representantes daqueles que agiam nas sombras, nos porões dos centros de tortura. Bolsonaro, General Heleno, General Braga Netto são discípulos do General Sylvio Frota, que tentou dar o golpe em Geisel – em outubro de 1977 – e matar os 30 mil de que Bolsonaro tanto fala que gostaria de ter matado, dando continuidade e aprofundando a ditadura. São adoradores de Ustra, de Fleury só para citar os mais notórios sádicos do regime.
Bolsonaro com sua vocação pro crime conseguiu matar 10 vezes mais – 300 mil mortes que poderiam ter sido evitadas com bons exemplos, campanhas de prevenção e compra de vacinas desde o primeiro momento – do que sonhou matar um dia. Além disso, atacou a natureza, a cultura, a educação e a constituição cidadã de 1988. Não há comparação com nenhum outro período de trevas; o governo Bolsonaro representa a chegada ao poder dos carrascos da ditadura. Da turma do general Frota. Do pior do Exército. Do pior do Brasil.
Roberto Sander é jornalista, editor e escritor.