Por Sonia Castro Lopes
É fato que o inquilino do Planalto não vive seus melhores momentos. No dia em que o TJ-SP confirmou sua condenação e elevou a indenização a ser paga à jornalista Patricia Campos Mello por danos morais, mais um de seus asseclas, o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, foi exonerado “a pedido” por ter cometido crime de assédio sexual. Governo machista e misógino jamais conseguirá reverter a rejeição das mulheres, cujo voto será decisivo nas próximas eleições presidenciais. É bom não esquecer que as mulheres compõem 53% do eleitorado e são vítimas constantes de assédio e violência por conta desse machismo estrutural que reina na sociedade brasileira, especialmente por parte de homens que pensam como o governante do país.
Já nos acostumamos a presenciar, pelo menos, um escândalo por semana. Corrupção no MEC com evidências incontestáveis, menina de onze anos sendo impedida de se submeter a aborto legal, assassinato de quem lutava pelo direito dos indígenas contra a fúria dos exploradores da Amazônia… O governo anda desesperado e quer se reeleger a todo custo. Na medida em que vê crescer a preferência pelo ex-presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto promete ampliar seu pacote de bondades, mesmo que tais medidas esbarrem em limites legais e orçamentários.
Na última terça feira (28) o dia foi movimentado. Pela manhã uma comissão de parlamentares da oposição protocolou o pedido de CPI do MEC. Resta saber se Rodrigo Pacheco, presidente do senado, dará continuidade ao processo. No final da tarde, foi noticiado que o Presidente da Caixa, Pedro Guimarães (vulgo Pedro Maluco), amigo dileto do capitão, sofreu denúncias de funcionárias por assédio sexual. Na manhã de ontem (29) tentou reverter a situação com um discurso no qual se referiu à esposa, aos filhos e a uma trajetória ética e ilibada. Aliás, a esposa em questão é filha de Leo Pinheiro, aquele que mudou o depoimento à Lava Jato para incriminar Lula no caso do triplex do Guarujá, lembram-se dele? Pois é, “tutti buona gente”… No final da tarde foi anunciada sua demissão “a pedido”. A carta deixada pelo sujeito é de um cinismo constrangedor.
Enquanto a imprensa se ocupa do funcionário assediador, algo de muito grave acontece no Congresso. Trata-se da votação da PEC 16/2022 o tal “pacote de bondade” que prevê, entre outras medidas, a ampliação do auxílio Brasil a um número maior de famílias, além da majoração do benefício para R$ 600 e a criação de um voucher de R$ 1 mil a ser pago aos caminhoneiros. Seria muito justo se tais medidas não fossem movidas por interesses eleitoreiros, uma vez que irão vigorar somente até dezembro ano e custarão R$ 39 bilhões aos cofres públicos. Estamos a três meses das eleições e até lá muita coisa pode acontecer, inclusive os ratos do porão deixando o capitão a ver navios depois de terem saqueado a “pátria amada.”