A morte do jornalista Vicente de Aquino

Por Simão Zygband 

Fiz questão de escrever algo em homenagem ao querido amigo, o jornalista Vicente de Aquino, o Vicentão, que nos deixou na madrugada deste sábado (28) vítima de câncer no pâncreas.

Guarulhense da gema, são-paulino fanático, foi pelas mãos dele que ingressei no jornalismo, onde era, nos anos 80, o secretário de redação do jornal Folha Metropolitana. Foi meu primeiro emprego com carteira assinada.

Sempre que o encontrava fazia questão de relembrá-lo que foi ele meu primeiro chefe, aquele que me contratou, que me deu oportunidade no jornalismo. Espero não tê-lo decepcionado.

Vicente fez uma carreira sólida tendo trabalhado na TV Globo, Folha de S.Paulo, Folha da Tarde, Agora, Estadão, Diario Popular, entre tantos outros, geralmente em cargos de chefia.

Tinha perfil para ser chefe. Pessoa extremamente amigável, generosa, firme sem nunca perder a ternura. Jamais levantou a voz para um subordinado. Tratava todos como iguais, ele mesmo um cara simples, nunca arrogante, risonho, boa gente, nunca desfazendo dos colegas, mesmo seus subordinados.

Escrevo estas mal traçadas linhas por que de fato o Vicentão merece. Posso dizer, sem medo de errar, que o jornalismo perdeu hoje um grande profissional. E todos aqueles que o conheceram, um grande amigo.

Que descanse em paz, meu camarada. E que haja conforto entre os seus familiares.

Abaixo, um texto de sua autoria, possivelmente ao saber que estava doente:

A essência da vida está na morte

Andar em busca de algo que mostre o caminho a ser seguido. Sem deixar de fitar o horizonte que nos confronta com a realidade, clara, objetiva, sem certo ou errado. Apenas aquilo que acreditamos existir no sopro de vida que a vida nos fornece.
Um sopro que, por vezes, nos faz ter medo quando pensamos que pode deixar de existir em segundos. Segundos que podem se repetir de maneira metódica até se transformar em um século.
Mas, vale a pena? Será melhor que os segundos sejam intensos ou que apenas signifiquem um amontoado de minutos, que se transformam em horas, depois em dias, meses e anos, mas sem nenhum sentido especial. Uma monotonia atroz que já nos enterrou em vida.
O que vale mais: viver racionalmente ou emocionalmente? A questão da existência e suas nuances tão reveladoras ou misteriosas, nos levam a reflexões enlouquecedoras. O que eu fiz foi essencial ou superficial? Não consigo responder e continuo procurando o sentido da existência. Mas sei que ela nunca virá, pois ninguém sabe responder o que é irrespondível. A essência da vida, bem ou mal vivida, somente se completa com a morte.

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