UFPA contrata primeiro professor indígena admitido na Instituição por ações afirmativas

Construir Resistência sugere uma leitura atenta da reportagem publicada no site oficial da Universidade Federal do Pará:

 

07.10.2021 Posse do primeiro professor indigena da UFPA Foto Alexandre de Moraes Capa

A Universidade Federal do Pará viveu um momento histórico nesta quinta-feira, 7 de outubro. Foi contratado o primeiro professor indígena admitido na Instituição por meio de processo seletivo destinado a professores indígenas. O professor Almires Martins Machado (pai Terena e mãe Guarani) vai atuar no Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ), no Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) e na Clínica de Direitos Humanos da Amazônia (CIDHA) da UFPA.

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Em breve cerimônia realizada no Gabinete da Reitoria, o reitor Emmanuel Zagury Tourinho e o professor Almires Martins Machado assinaram o contrato. Também participaram do momento simbólico, a antropóloga e professora da UFPA Jane Beltrão, responsável pela elaboração e avaliação de várias Políticas de Ações Afirmativas na Instituição; a doutoranda indígena Putira Sacuena, representando a Associação de Povos Indígenas Estudantes na UFPA (APYEUFPA); os professores do ICJ Cristina Terezo, Paulo Weyl e Breno Baia Magalhães; a professora da Escola de Aplicação da UFPA Antônia Brioso; além do pró-reitor de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas, Ícaro Pastana.

Para o professor Almires Machado, mais que um momento histórico para a Universidade, a contratação representa uma conquista para toda a comunidade indígena, que concretiza “o tecer de uma rede de parcerias”, da qual cada pessoa presente representa um nó. Ele lembrou de quando saiu da aldeia Jaguapirú, onde nasceu, em Dourados, no Mato Grosso do Sul, para encontrar na UFPA uma universidade de portas abertas. O percurso não foi fácil, mas agora se prepara para “ensinar o caminho que fortalece a luta pela defesa dos Direitos Humanos”.

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O reitor Emmanuel Tourinho destacou a satisfação em receber o novo professor e ressaltou o trabalho que a Instituição vem fazendo para a construção coletiva de um ambiente acadêmico que preza pela inclusão e permanência de indígenas e quilombolas. “Este é um marco na implementação de nossas Políticas de Ações Afirmativas. Esperamos que esse trabalho evolua de modo a, um dia, termos uma universidade indígena na Amazônia, com a contribuição decisiva da UFPA”, afirmou.

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A antropóloga Jane Beltrão observou que a sua maior satisfação, como professora, é ter Almires como colega, lembrando que ele assinou o contrato na mesma mesa em que, no passado, foi discutido o ingresso de estudantes indígenas na UFPA. “Que este seja o primeiro de muitos docentes indígenas e quilombolas que a Instituição virá a ter”, desejou.

Os professores do ICJ também recepcionaram o novo membro contratado na expectativa de que Almires Machado venha a colaborar para a decolonização do saber na academia. Da mesma forma, o pró-reitor Ícaro Pastana disse que a Progep sempre estará à disposição para auxiliar o docente em seu percurso na Instituição.

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A professora Antônia Brioso destacou um pouco da trajetória de Almires, que transitou também na educação básica por meio da atuação no Projeto Cartografias. Já a indígena Baré Putira Sacuena emocionou-se ao se lembrar do exemplo de perseverança que Almires representa para estudantes da UFPA, tendo ele também participado da fundação da APYEUFPA. “Vamos indigenizar a Universidade, que desde o princípio deveria ser um território indígena. E se hoje sou doutoranda, entrei porque houve luta e Almires foi um dos primeiros”.

Histórico – O movimento pelas Políticas Afirmativas, na UFPA, começou pela Pós-Graduação em Direito, no ano de 2006, quando se conquistou o apoio da Fundação Ford. O processo iniciado no Direito ganhou outros foros e, ainda apoiados pela Fundação Ford, planejou-se o Curso de Etnodesenvolvimento, no Campus de Altamira, e o ingresso de pessoas indígenas por meio de vagas reservadas na graduação, iniciado em 2010.

Quando ainda não tinha sido constituída a atual Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), originada do Campus da UFPA em Santarém, o único docente indígena da instituição era o professor Florêncio de Almeida Vaz Filho, da etnia Maitapú, que atuou de 2000 a 2009, tornando-se, a partir de então, docente da nova universidade. Em 2013, William César Lopes Domingues (Uwira Xakriabá), formado pela UFPA, passou em concurso público de títulos e provas (processo universal) e tornou-se professor efetivo da UFPA, atuando no Campus de Altamira. O processo seletivo que admitiu Almires Machado, em 2021, foi o primeiro específico a indígenas doutores para atuação como professor visitante na Instituição.

Na pós-graduação, o Programa de Antropologia nasce, em 2010, com vagas reservadas para pessoas indígenas e o primeiro acolhido foi Almires. Atualmente, a UFPA possui uma indígena doutora fazendo pós-doutorado; 22 pessoas indígenas e quilombolas realizando mestrado e residência clínica e dez discentes indígenas e quilombolas em processo de admissão como bolsistas de extensão.

Veja um quadro histórico das ações afirmativas na UFPA.

Texto: Jéssica Souza – Ascom UFPA

Fotos: Alexandre de Moraes – Ascom UFPA

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https://portal.ufpa.br/index.php/ultimas-noticias2/13054-ufpa-da-posse-ao-primeiro-professor-indigena-admitido-na-instituicao-por-acoes-afirmativas

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