Os próximos dias com Francisco, Macrón e Coldplay

Por Alfredo Herkenhoff 

Lula com Chris Martin, no Brasil, em março. Crédito: Ricardo Stuckert

O novo atentado terrorista de jovem chacinando em escola, horas atrás, no Paraná, trouxe provas e reflexões nas redes sociais: O rapaz extremista integra grupos nas redes sociais com claro viés neo nazi e cujos precursores, teóricos ou gurus, convergem numa campanha, internacionalmente, em que se defende a criação de células de violência sem um líder e sem mesmo uma liderança enquanto organização.

Por que os jovens terroristas não reconhecem que possuem ou seguem um líder ou uma instituição ou organização social?

Curto e grosso, numa caricatura, paira uma impressão inicial, mera suspeita, de que esses jovens que usam essas máscaras e cometem esses atentados quase diariamente nos EUA, e já quase mensalmente no Brasil, são direitistas sem sequer noção de que são de extrema direita, como se fosse possível ser nazista sem reconhecer Hitler como líder.

No Brasil, 90% ou mais dos casos desse tipo de violência jovem envolvem ambiente em que Bolsonaro é líder contra o sistema.

A palavra “sistema” é o alvo ou sinônimo de qualquer coisa que se queira odiar: Lula, os Direitos Humanos, a professorinha, a Inclusão Social, a turma que eu não gosto, o Estado Grande e o escambau.

Coldplay, a banda inglesa que vai ter Lula discursando na esplanada do Campo de Marte com Torre Eiffel e o túmulo patriótico do imperador Napoleão, faz um rock light, dançante, discomusic. Jovens universitários ingleses engendram uma comunhão cristã. O nome é feio: Colplay lembra Cold War, ou Jogo Frio, Brincadeira Fria, contra Guerra Fria.

Mas os jovens ingleses desde os anos 90 de Ieltsin e das bombas em Belgrado cantam uma geopolítica espiritual, romântica, com o amor derrotando os impérios e os tiranos.

Lula chega daqui a algumas horas a Roma. Vai se encontrar com Francisco. Os dois são os mais famosos, sem armas, que defendem a paz imediata no que resta da Ucrânia. Os outros que também defendem, sem armas, mas também sem fama, são os africanos e los hermanos latino-americanos. Esta posição seria quase nula se não contasse também com o apoio de alguns famosos e poderosos como Modi na Índia e Xi na China.

Mas ainda sobre Coldplay e suas canções, em especial a Viva La Vida, que se confunde como nome da banda inglesa: é um grito de Jesus, que dizia que são premissas fundamentais fazer caridade, visitar enfermos, visitar encarcerados e perdoar.

A propósito, apesar do sucesso mastodôntico, Coldplay, salvo engano, pouco se deixou usar. Restringiu seus sucessos como alavanca de marketing de batatinha frita, carro do ano, arma, celular e o escambau. E Coldplay tem histórico de dizimismo: doar percentual de seus ganhos não para instituições com visões de mundo semelhantes, mas para socorrer os que se encontram em situação de máxima vulnerabilidade: Caridade!

Lula vai falar de paz na esplanada do Campo de Marte por uns poucos minutinhos. Ele será o último a falar dos poucos convidados pela banda de Chris Martin. Vai falar no Velho Continente cuja maioria, por causa da propaganda, está padecendo de russofobia, algo terrível e semelhante com o que fez a grande mídia no Brasil produzindo a doença do antipetismo que gerou Bolsonaro e abriu a cloaca da minoria que achava que poderia fechar o Supremo com um soldado, um jipe e um cabo.

Os próximos cinco dias na Europa serão interessantes.

Macrón é um fracote neoliberal. Mas é o único dos governos vassalos que ousou, em Pequim, reconhecer o problema da vassalagem da União Europeia querendo segurança na Europa com exclusão da Rússia…

 

Alfredo Herkenhoff é jornalista e escritor. Trabalhou por 20 anos no JB em várias funções, de secretário a colunista do Caderno B. Colaborou com o semanário Opinião nos anos 70.

 

A ver, ouvir e se emocionar…

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