Por Fernanda Valente – O Tempo Brasília
A filiação de Sergio Moro, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, está marcada para a próxima quarta-feira (10). Ele irá para o Partido Podemos e a expectativa de líderes da legenda é que concorra à presidência em 2022, embora ainda não haja definição.
Já Dallagnol, ex-chefe da Lava Jato em Curitiba, pediu exoneração do Ministério Público Federal e publicou vídeo para contar que pode “fazer mais pelo país fora do Ministério Público”. Ele não detalhou se seguirá Moro e entrará para a política muito embora isso seja aguardado.
De acordo com os juízes, Moro e Dallagnol usaram o sistema de justiça para barrar “um projeto político popular e nacionalista”, o que afastou o “candidato com maiores intenções de voto” e resultou em eleições parciais. Eles se referem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2018.
“Caída a máscara da caçada implacável aqueles que eles chamavam de corruptos, Moro e Dallagnol escancaram que seu maior projeto era alavancar suas próprias carreiras políticas, vilipendiando seus cargos públicos, no Judiciário e no Ministério Público”, diz a nota.
Os juízes afirmam que Moro e Dallagnol causaram danos à democracia, destruíram a indústria naval e a construção civil brasileiras, “entre outros nefastos efeitos do Lawfare praticado por esses que, agora, sem pudor algum, desvelam quais eram suas verdadeiras intenções: a manipulação da justiça em proveito próprio”.
Crítica está longe de ser isolada
A movimentação dos dois também desagrada procuradores, que estão preocupados que a medida coloque a atuação do MPF sob suspeita em outros casos importantes. Reportagem da Folha de S. Paulo conta que procuradores com passagens na Lava Jato em Curitiba, Rio de Janeiro e no Distrito Federal criticam nos bastidores a possibilidade de Dallagnol entrar na política e também disputar as eleições de 2022.
O grupo ‘Prerrogativas’, composto por juristas, professores de Direito e advogados, também é contra as possíveis candidaturas. Eles chamam Moro e Dallagnol de “cínicos personagens” que “fraudaram escancaradamente garantias processuais básicas durante a chamada operação Lava Jato” e agora “exibem à luz do sol seus verdadeiros propósitos”.
“Os atos representam a consumação de uma manobra criminosa de aproveitamento político do sistema de Justiça”, dizem os juristas em nota.
Matéria publicada originalmente no link abaixo no Portal o Tempo