Marielle e as entranhas de um estado infiltrado pelo crime organizado

Por Palas Atena 

Ontem Tereza Cruvinel contou por que, segundo apurações dela, élcio de queiroz abriu o bico. Segundo ela, o ex-bombeiro maxwell correa pagava a ele e a ronnie lessa 10 mil por mês: cinco para pagar advogados e cinco para despesas gerais (e da família). Mas, há um ano, ele não recebia. Os advogados de élcio abandonaram a causa após a delação, o que nos leva a pensar a serviço de quem estariam.

élcio já havia feito delação antes, mas nunca assumiu a autoria do assassinato de Marielle. A relevância dessa última delação é exatamente ele ter confessado e detalhado a dinâmica do assassinato e confirmado o que as evidências e provas indicavam. ronnie lessa continua negando a autoria do crime, mas agora é palavra morta porque o comparsa o entregou.

Hoje os jornais noticiam que o ex-bombeiro maxwell, preso na operação da PF ontem, movimentou mais de 6 milhões. Esse sujeito não ganha nem 10 mil reais por mês e mora numa mansão na Barra da Tijuca, tem carro de luxo e ainda dava mesada de 10 mil para dois assassinos. De onde vem esse dinheiro? Aliás, por medida de segurança, maxwell vai ficar preso em prisão da PF. É um arquivo vivo.

Ontem assisti ao GGN 20H, em que Nassif entrevistou o jornalista investigativo Sérgio Ramalho. Ele investiga a vida de adriano da nóbrega, um dos envolvidos no assassinato de Marielle. Ele foi morto na Bahia, em ação muito mal explicada da polícia de operações especiais. adriano estava foragido e foi assassinado nessa operação para prendê-lo. Era o chefão da milícia no RJ, vizinho do genocida e braço direito de flávio rachadinha.

Sérgio revelou diversos furos das investigações, expôs como o ministério público do RJ agiu para acobertar a familícia (sempre que as investigações se encaminhavam para o genocida e filhos, o mp abria nova investigação, como suposto desdobramento do caso e nunca chegava aos mais do que prováveis mandantes do crime). Ele defendeu que, além de federalizar o crime, seria importante que o ministério público federal conduzisse as investigações, no lugar do ministério público estadual.

O assassinato de Marielle, segundo Sérgio, teria a ver com o projeto de lei dela de loteamento/regularização de áreas periféricas no Rio para construção de moradias populares. Só que a milícia já atua nisso, por meio de grilagem de terras para construção de conjuntos habitacionais. Nesses conjuntos, eles não vendem os apartamentos, e sim alugam já com o gatonet e outros serviços disponíveis de modo clandestino (incluindo luz). Assim ganham duplamente. Coisa de máfia mesmo.

O projeto de Marielle, entre outros projetos de lei dela na Câmara, iria acabar com o esquema da milícia. Adriano da nóbrega era um dos que conduzia esse negócio de construção de conjuntos habitacionais em terrenos grilados. Segundo Sérgio, é coisa de altos investimentos.

Além disso, Marielle fazia parte da comissão para investigar a ação do exército na ocupação determinada pelo golpista michel temer e que ficou sob comando de braga netto. O exército ocupou favelas do Rio e acabou se aliando às milícias para ou expulsar o tráfico e deixar as comunidades somente nas mãos dos milicianos, ou forçar que o trafico firmasse aliança nos negócios com as milícias. Nesse caso, os traficantes pagam as taxas de “proteção” aos milicianos e podem fazer seus negócios livremente.

Também a milícia acabou virando “sósia” dos negócios do tráfico no comércio de drogas e armas. Tudo facilitado pelo fato de ser o exército o responsável pelo controle da entrada e venda de armamentos no país, o que foi facilitado pelos decretos do genocida. É bom lembrar também os inúmeros casos de roubos de armas em depósitos do exército e/ou em delegacias que ocorrem no país. As milícias são formadas principalmente por policiais militares, bombeiros, com comando de coronéis, delegados e generais.

E a familícia está envolvida até o talo nisso tudo. Não custa lembrar que ela tem dezenas de imóveis no Rio, capital e interior, sendo que flávio rachadinha é o responsável por conduzir os negócios imobiliários da familícia (tem aquela história da mansão em Brasília também). Também todos os projetos de lei propostos pela familícia (na Câmara e no Congresso) e decretos do genocida, quando presidente, têm relação com a facilitação dos negócios das milícias.

A morte de Marielle, caso chegue aos mandantes, vai desvelar um esquema de corrupção e obstrução da justiça, envolvendo juízes, desembargadores, promotores, delegados, polícia, políticos, milícia, exército, trafico, num Estado que foi tomado pelo crime.

A Itália da Cosa Nostra e, agora, da mais poderosa do país e uma das maiores do mundo, a Ndrangheta, ficaria com inveja desse esquema, um verdadeiro crime organizado, entranhado em todos os poderes do Estado. Sugiro que assistam ao GGN 20H de segunda para saberem mais sobre essa podridão.

Palas Atena é pseudônimo. Foi mantida sua grafia original, que coloca os nomes próprios em letra minúscula. Nem o editor do Construir Resistência conhece a verdadeira identidade da escriba. Seus textos são obtidos diretamente do Facebook.

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