Por Ricardo Noblat – Metrópoles
O risco dele é maior no primeiro do que no segundo turno
Candidato a mais um mandato, Ricardo Nunes (MDB) lidera as pesquisas de intenção de voto e deverá ser um dos finalistas da eleição para prefeito de São Paulo no próximo domingo, dia 6/10. Leva uma pequena vantagem sobre Guilherme Boulos (PSOL) e está há alguns corpos de distância de Pablo Marçal (PRTB).
Mesmo assim, a situação de Nunes preocupa os responsáveis pela sua campanha. No momento, apoiado por uma coligação de 12 partidos, ele detém 65% do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, um recorde. Sobram migalhas para os demais candidatos. Mas em um eventual segundo turno, não será assim.
Uma vez que chegue lá, Nunes e seu oponente passarão a dispor do mesmo tempo de propaganda – cinco minutos diários para cada um, fora igual números de comerciais a serem veiculados em meio à programação normal das emissoras. Em tese, cessará, portanto, qualquer vantagem de um candidato sobre o outro.
Nunes corre risco maior de não disputar o segundo turno do que o de disputar e perder. A máquina da prefeitura estará ao seu lado, e a do Estado, ídem Suas fraquezas detectadas praticamente desaparecerão. Mas hoje elas existem e foram expostas pela pesquisa Datafolha aplicada entre terça e quinta-feira últimas.
Do total de eleitores que declaram abertamente e sem dúvida nenhuma o apoio a Nunes, só 16% são considerados votos certos nele, convictos da escolha feita, e com maior disposição para sair de casa e votar. O percentual de votos dessa mesma natureza em Boulos é de 37%, e em Marçal, de 27%.
Do total de eleitores que dizem que votarão em Nunes por considerá-lo o candidato ideal, 60% admitem que o farão à falta de um candidato melhor. Pelo menos 44% desses eleitores confessam não saber o número que deverão apertar na urna. Deverão aprender até lá se tiverem de fato interesse nisso.
Na pesquisa espontânea, aquela em que não é apresentada a lista com os nomes dos candidatos, 16% dos entrevistados garantem que votarão em Nunes. Na estimulada, quando a lista com os nomes é apresentada, 32% dos eleitores de Nunes reconhecem que ainda poderão mudar o seu voto. Luz amarela ou vermelha?
Para completar: entre os eleitores que em 2022 votaram em Bolsonaro para presidente da República, 39% dizem que votarão em Nunes para prefeito, e 43% em Marçal. Os dois se verão frente a frente nos três debates que restam até o fim do primeiro turno – o último deles na quinta-feira, promovido pela TV Globo.