CIÊNCIA POLÍTICA
Construir Resistência recomenda a leitura do mais recente livro dos cientistas políticos Fábio Kerche e Marjorie Marona – ” A política no banco dos réus: A Operação Lava Jato e a erosão da democracia no Brasil” – que oferece aos leitores uma análise crítica da força-tarefa que atuou contra a corrupção no Brasil. Publicação da Editora Autêntica.
Como a Operação Lava Jato surgiu, brilhou e se perdeu
A luta contra a corrupção é um pilar dos regimes democráticos. No caso brasileiro, recentemente, a Operação Lava Jato surgiu como um esforço coletivo de diversas instituições que se colocaram como a salvação da pátria: as investigações da Polícia Federal, o julgamento por diversas instâncias do Poder Judiciário e a atuação do Ministério Público Federal prometiam um país livre da apropriação indevida de recursos públicos. O noticiário massivo das investigações sacramentou o apoio da opinião pública, com momentos em que mais de 90% da população chegou a aprovar a operação, que prendia lideranças políticas, grandes empresários, lobistas e agentes financeiros.
Em 2020, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que tinha acabado com a Lava Jato, alegando que não havia mais corrupção no governo. O procurador-geral da República por ele indicado, Augusto Aras, conseguiu, em poucos meses, desarticular a força-tarefa que atuava desde 2014. Em outra esfera do poder, o Supremo Tribunal Federal (STF) passou a anular diversas condenações, especialmente as que envolveramo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por quê e como essa atuação acabou dessa forma, deixando como efeitos, além da convulsão política, uma grave crise econômica?
Limites constitucionais e democráticos desrespeitados
As principais instituições envolvidas nesse esforço de combate à corrupção passaram a atuar de maneira cada vez mais autônoma, ultrapassando limites constitucionais e democráticos. A Lava Jato teve uma ascensão meteórica. Depois de conseguir atingir aquele que era considerado o principal alvo da operação, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, a atuação contra a corrupção começou a definhar, até ser enterrada no governo Bolsonaro.
Com dados importantes de cada fase da operação, Fábio Kerche e Marjorie Marona
Para compreender melhor todo esse cenário, leiam A política no banco dos réus: a Operação Lava Jato e a erosão da democracia no Brasil. A edição impressa está disponível nas livrarias desde a última sexta-feira, 29 de abril.
Sobre os autores
Marjorie Marona é doutora em Ciência Política e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atua como coordenadora do Observatório da Justiça no Brasil e na América Latina (OJb-AL) e pesquisadora do Instituto da Democracia e Democratização da Comunicação (INCT/IDDC). Entre 2020 e 2022, foi secretária executiva da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP). Coorganizou as seguintes obras:Justiça e democracia na América Latina (Eduerj, 2021), Justiça no Brasil: às margens da democracia (Arraes, 2018) e O constitucionalismo democrático latino-americano em debate: soberania, separação de poderes e sistema de direitos(Autêntica, 2017).
Fábio Kerche é doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Autor de Virtude e limites: autonomia e atribuições do Ministério Público no Brasil(EDUSP, 2009) e coorganizador de Operação Lava-Jato e a democracia brasileira (Contracorrente, 2018).
A política no banco dos réus: a Operação Lava Jato e a erosão da democracia no Brasil
Autores: Fábio Kerche, Marjorie Marona; 272 pgs; formato 14 x 21 cm; ISBN: 9786559280773
Livro físico: R$59,80
Editora: Autêntica
Em abril de 2021, junto com o também cientista político Leonardo Avritzer, Marona e Kerche publicaram Governo Bolsonaro: retrocesso político e degradação política, também pela Editora Autêntica.