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MST inicia campanha de solidariedade em apoio às vítimas das enchentes no RS

Da Redação do Brasil de Fato 

Iniciativa pretende levantar fundos para contribuir nas ações junto às famílias assentadas dos municípios 

Assentamento do IRGA, em Eldorado do Sul – foto: MST

O Rio Grande do Sul vive uma calamidade pública nunca antes vista na sua história. Com perdas incalculáveis, ainda não é possível dimensionar o volume da catástrofe das águas que já deixou dezenas de mortes, isolamento de centenas de cidades, deslizamentos, quedas de barreiras e alagamentos nesta que já é considerada a maior enchente até hoje no estado.

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Com o objetivo de iniciar uma ampla campanha de solidariedade junto às famílias atingidas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançou neste sábado (4), um mutirão de arrecadação financeira para contribuir nas ações nos municípios gaúchos.

Assentamentos do MST também foram atingidos, cerca de 300 famílias do Assentamento do IRGA, onde fica a sede da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), em Eldorado do Sul, foram resgatadas.

O salvamento começou sendo feito pelos próprios assentados, agora só pode ser seguido pelo Exército e Defesa Civil. As famílias estão sendo levadas para assentamentos na região aonde a água não chegou nas casas.

“Os barcos estão com os motores estragados, porque o trabalho de resgate foi dia e noite. Por enquanto, não tem lavoura de arroz, está tudo debaixo d’água, de dois metros para mais de profundidade”, relata o produtor assentado de Eldorado do Sul José Francisco Moraes Cardoso, mais conhecido como Tigre.

Ele faz parte da rede de produtores de arroz agroecológico do Rio Grande do Sul, que lidera há mais de dez anos a maior produção de arroz orgânico da América Latina, conforme o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Famílias perderam tudo

Com a perda da estrutura das casas, móveis, lembranças, e produção de arroz e hortas agroecológicas, onde muitos camponeses e camponesas já haviam replantado, após a enchente do final do ano passado, as famílias seguem em abrigos coletivos nesse período.


Produção de arroz e hortas agroecológicas, onde muitos camponeses e camponesas já haviam replantado, está debaixo d’água / Foto: Arquivo Pessoal

A agricultora agroecológica, assentada no IRGA, Joselaine Cibulski, relata que foi algo jamais imaginado por qualquer pessoa do Rio Grande do Sul. “O assentamento está totalmente debaixo da água. Todas as famílias assentadas e toda a população de Eldorado do Sul perderam tudo. Eldorado do Sul não tem mais um palmo sequer de espaço seco.”

Segundo ela, no sábado as pessoas estavam sendo resgatadas de helicóptero e aeronaves porque não tinha mais condições de barcos circularem. “Está uma situação muito caótica, muito apreensiva, pessoas perderam carros, bens pessoais, casas, produção. Estão desalojadas, foram para abrigos em Eldorado do Sul e tiveram que ser transferidas para Guaíba porque os abrigos de Eldorado acabaram alagando também.”

Em Guaíba, segundo ela, também está em um caos já porque algumas casas que estavam servindo de abrigo já estão também comprometidas pelas águas. “A gente fica muito sem saber o que fazer. No momento estamos somente preocupados com os resgates mesmo. Com a vida das pessoas, com a segurança delas…”

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Joselaine reforça que vai ser preciso unir todas as forças possíveis, não só da população, mas pensar políticas que possam melhorar a vida das pessoas. “Sem falar em toda a questão de educação ambiental e de mudanças que precisam ser feitas e de conscientização, com urgência.”

“É uma dor imensurável para todo mundo… e cada resgate que a gente fica sabendo que foi feito… que foi bem-sucedido, é uma comemoração e um alívio que acaba amenizando um pouco a dor das perdas materiais que todos… que cada um está vivendo lá”, desabafa.

Os assentamentos de Nova Santa Rita, Viamão e Tapes também tiveram perdas nas suas produções de arroz e hortas. No interior, como em São Gabriel, Hulha Negra, Jóia e Região Centro, a água também está cobrindo as estradas e lavouras.

As contribuições podem ser feitas pela plataforma do Apoia.se https://apoia.se/sos_mst

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