Lula como contraponto ao desastre bolsonarista e a disputa das ruas

Por Simão Pedro Chiovetti

(Artigo publicado originalmente na revista #Forum)

O ex-presidente tem sido um antídoto popular contra essas monstruosidades do neofascismo. Tem dado recado de que novamente está pronto para unificar o país

#Bolsonaro convoca seu povo para o ensaio geral do golpe que pretende dar no dia 07 de setembro, no simbólico #DiadaIndependência. O Verme esticou a corda e não tem mais retorno.

Bolsonaro aposta que vai dobrar todas as instituições. Policiais se assanham de prontidão, foras os milicianos e paramilitares armados. Caminhoneiros, grandes fazendeiros, grileiros, madeireiros, garimpeiros engrossam esse contingente para quem Bolsonaro governa com exclusividade, através de seus discursos e atos.

É uma minoria, mas como lembrou em recente artigo o agroecólogo e ex-presidente da #UNE Jean Marc Von Der Weid, é uma minoria belicosa e, insuflada com o radicalismo, pode ficar doida para intervir na política, o que pode resultar em algo bem pior do que temos hoje. Bolsonaro se viciou em alimentar esses zumbis ou gado ou bolsominions, como preferirem, com ódio, mentiras e agora ameaça com uma ditadura, mesmo que tenha derramamento de sangue, como #Hitler fez.

Sua tática é a mesma do nazismo. Vai criando sua própria força armada e são esses que ele pretende colocar nas ruas no próximo feriado, junto com os fiéis manipulados por Malafaias, Duartes, Macedos et caterva.

O verme já não governa mais, ou melhor, governa, mas somente para aquele segmento que o apoia e dentro da agenda ultraneoliberal. Por exemplo, nada faz para aproveitar a boa onda do preço das comodities, como Lula fez lá atrás. Isolado, ele terceirizou as principais áreas do governo para algumas “instituições”.

Para o pragmático #Centrão parlamentar comandado pelo presidente Lira que só aprova aquilo que interessa aos deputados; para a o mercado especulativo representado pelo charlatão #PauloGuedes que faz o que quer – aprendeu com o #Pinochet no Chile onde serviu nos anos 70. Essa MP 1045 é a consolidação da destruição dos direitos trabalhistas e da estrutura social e econômica que derivava deles como o #FGTS que financiava infraestrutura, habitação, etc., para gerar empregos e o sistema de previdência social, sem dúvida a maior conquista da sociedade brasileira da história ao lado do SUS; para o “centrão” das forças armadas, esse que funciona como o outro, atrás de cargos, benesses, orçamentos maiores para seus projetos com a diferença que é mais ideológico que o outro pois detesta a #Esquerda e participa do esforço de impedir sua volta ao governo; e para o agronegócio expansionista que não está nem aí para a preservação ambiental, para os direitos indígenas e para o futuro, inundando o ambiente com mais agrotóxicos, queimando as selvas e poluindo os rios com o objetivo de aumentar seus lucros.

A economia está derretendo, a #pandemia continua contaminando e matando aos milhares, os capitais fugindo, a inflação voltando e as condições sociais do povo se deterioram a cada dia. Ao povo só restou osso de boi e pé de galinha. E pra alguns milhões nem isso têm mais.

É um terreno fértil para manter o bolsonarismo em evidência, como as pesquisas estão mostrando. A narrativa deles – culpa do #STF e do #Congresso e mesmo do #PT – é muito mais competente e com ampla articulação nas bases via igrejas, mandatos, etc. Quanto pior, melhor pra eles.

Bolsonaro já não liga mais pesquisas de opinião e de preferência de voto. Ele sabe que pelas vias eleitorais já não consegue mais reverter o desastre e por isso ensaia o novo golpe, o terceiro desde 2016 – o impeachment de #Dilma foi o primeiro e a prisão de #Lula/eleição de Bolsonaro o segundo. E quanto mais caótico o cenário, melhor para seus propósitos.

Mas por outro lado, Lula tem sido um antídoto popular contra essas monstruosidades do neofascismo. Tem dado recado de que novamente está pronto para unificar o país. O STF não está unificado no enfrentamento ao fascismo já que ele próprio acalentou o Verme. Temos que torcer para que a ação do ministro #AlexandredeMoraes nos inquéritos das fakenews e ataques ao Supremo não tenha sido isolada. #Fux e #Barroso são tímidos, para não dizer outra coisa. Vamos ver!

No #Nordeste nesta semana, Lula já assinalou como vai agir, ao visitar e procurar unificar a esquerda com a centro-esquerda representada pelo #PSB e visitar e dialogar com o tucano #TassoJereissati, que apoiou os dois golpes anteriores. Ele sabe que o coronel não vem conosco, mas não deixa lacuna pra o acusarem de ser seletivo e radical. E se distancia da falácia daqueles que o tentam igualar ao Verme, como o cara que prega a #União, as soluções, o diálogo e o amor, que busca soluções para gerar emprego e atacar a fome, que pensa novas perspectivas para os jovens, para reconstruir e transformar o País.

Lula não é de tocar fogo na política, mas de buscar soluções unificadas e de consenso. Aí eu me pergunto: fora Lula, o conjunto da Esquerda entendeu a gravidade da situação?

Será que nós do PT e dos partidos nossos irmãos, das entidades sindicais e mesmo públicas conseguimos ver um pouco além das nossas pequenas e múltiplas pautas, ou seja, apostarmos na pauta principal que é a luta de classes? Será que conseguiremos olhar além dessas pautas que desarticulam uma ação unificada como a que o neoliberalismo projetou?

Será que conseguiremos nos desapegar das estruturas burocráticas a que ainda estamos tão presos, que o historiador #JoséMurilodeCarvalho classifica como “estadania”, ou seja, uma dependência dos processos e das estruturas estatais e de poder? Será que conseguiremos dar prioridade às ações de combate ao fascismo secundarizando aquilo que mais nos move hoje, a preocupação com nossas campanhas que podem não ocorrer ano que vem se o novo golpe se consolidar?

A saída para o povo é defender e disputar a Democracia! Com ações institucionais via parlamentares e ações jurídicas e com o povo se manifestando nas ruas. Os atos realizados Brasil fora e no exterior, desde maio, foram muito bons pelo volume e pautas unificadas.

São boas as ações de solidariedade e tentativas de refazer as relações com a base popular nos territórios e movimentos sociais. Mas vejo que hoje, pela observação das movimentações, nós da Esquerda – e nem falo da #Direita (PSDB, MBL etc.) – estamos atrás nas mobilizações para os atos de 7 de Setembro. Precisamos correr com a mobilização para os atos do #ForaBolsonaro e precisamos parar de dar visibilidade às ações do #Bolsonarismo.

Este está bem na nossa frente em mobilização para seus atos, financiados inclusive pelo ultraneoliberalismo tucano. Eles têm base, narrativa, estrutura, mandatos e financiamentos já consolidados nas periferias, nos poderes e instituições e mídia. Vejam como isso afetou o comportamento e decisão do governador #JoãoDória que, ouvindo a orientação de sua #PolíciaMilitar, autorizou o ato dos golpistas na Paulista em detrimento do pleito do #MovimentoForaBolsonaro e além disso agora quer proibir que realizemos até em outro local mais distante como o Anhangabaú e nas cidades do interior.

Que bom que o conjunto das forças populares decidiram não aceitar essa imposição ingênua e inconstitucional do governador tucano. A extrema direita fascista ocupou o espaço que era nosso, da Esquerda. E continuam ocupando.

É só observarmos novamente as pressões que a #FolhadeSãoPaulo e #OGlobo fazem para que o STF tire novamente Lula da disputa para facilitar uma “3ª via”. Criticaram em seus editoriais recentes a decisão da Justiça de Brasília que anulou processo que acusava Lula no caso do “Sítio de Atibaia”. Mas isso não esmorece Lula, ao contrário, ele vem liderando com muito afinco.

Dia 7 será um dia histórico e decidirá o futuro do Brasil. Será o ponto de partida para o novo golpe fascista ou será o dia que o povo barrou o fascismo com milhares de pessoas nas ruas, de forma pacífica, organizada e unitária, principalmente no Anhangabaú, consolidando a derrota do bolsonarismo. A disputa das ruas será crucial neste próximo período!

Simão Pedro Chiovetti é sociólogo, ex-deputado estadual por três mandatos e ex-Secretário de Serviços de São Paulo na gestão Haddad. Hoje, Secretário de Movimentos Sociais e Setoriais do PT/SP.

Para ler o artigo original:

Lula como contraponto ao desastre bolsonarista e a disputa das ruas – Por Simão Pedro

 

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