Então, acontece com quase todo mundo. Você se olha no espelho e considera que está “ok”. Na hora da selfie ou da live, no entanto, assusta-se com a feiura e com as rugas e traços de expressão.
Nos últimos anos, nos Estados Unidos, aumentou de 13% para 55% a parcela dos que procuraram um cirurgião plástico para melhorar a imagem diante do celular.
Pouco antes da pandemia, 72% dos membros da Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva reportaram ver pacientes procurando procedimentos cosméticos para “melhorar a selfie”.
Na verdade, o problema maior é o sistema ótico das lentes dos celulares, impreciso e defeituoso, em parte para baratear o preço dos aparelhos.
As fotos próximas, em especial, deformam brutalmente o rosto. A 40 centímetros, uma selfie ou imagem de transmissão de vídeo pode aumentar a base do nariz em 30%, rebaixar partes da face mais distantes do foco central e realizar, para fins de compensação de luz, um “sharpen”, com gama e contraste exacerbados.
O resultado é como olhar para uma paisagem de dunas no fim de tarde. Tudo fica exposto em volume sombreado. O rosto acaba desengonçado, exposto com olheiras, pés de galinha e profundos bigodes chineses.
Não quer dizer que você seja um broto belezura, mas o celular efetivamente desarruma seus traços faciais. Para reduzir o dano, é preciso posicionar a câmera mais longe, a metros de você. Sempre fica melhor. Confira.
A outra solução é constituir uma fonte de luz mais extensa e harmônica, que ilumine por igual o semblante. Dessa forma, a câmera não precisará realizar suas ginásticas de captação e uniformização frankenstein.
Como o capitalismo sempre ganha, mesmo com os próprios erros, os ring lights viraram febre no mundo inteiro, e figuram entre os dez produtos mais vendidos nos mercados digitais.
Você pode vê-los em lojas de shoppings, em merchandising televisivo e nos anúncios que pipocam nas suas redes sociais.
O sistema, pois, gera um problema para vender a solução e lucrar ainda mais.
Tem do grandão, que parece um bambolê em volta do celular, mas tem também dos que se assemelham a braceletes presos na ponta do aparelho. Na verdade, alguns são bem caros. E alguns se revelam ineficazes para o propósito.
E é assim que ficamos sempre mais infelizes, mais tensos e mais ansiosos. E é por meio desses truques que aumenta o número de bilionários em um mundo assolado pela fome.