Por Roberto Garcia
O New York Times de ontem (6) abriu otimista. Disse que os Estados Unidos estão virando a esquina, chegaram ao ponto que dá mais esperança. Os casos e as mortes estão caindo, embora as novas variantes indiquem que esse drama vai continuar por muito tempo.
Em Los Angeles, por exemplo, a cidade chegou a dois dias sem sequer uma morte de covid19. No estado de Michigan, que por algum tempo foi o que registrou os piores níveis de contaminação e morte, as coisas estão amainando. Em Wisconsin e West Virginia, e em outros estados inteiros, óbitos já ficaram espaçados.
Governadores, prefeitos, o pessoal dos órgãos de saúde, que só dava notícia ruim e mandava fechar, agora está deixando abrir. Restrições estão sendo relaxadas, tem gente comendo em restaurante, garçon sem máscara, criançada na escola, povão trabalhando como sempre. Com cheiro de normalidade.
Quem trouxe esse ar de alívio foram as vacinas. Benditas vacinas. Feitas pelas grandes farmacêuticas, as empresas cruéis que só pensam nos lucros — aqui entre nós, elas também fazem coisa útil, que chega a tirar dor de cabeça, até salvar vidas, a minha também.
O número de casos, que antes chegava às centenas de milhares, baixou para menos de 50 mil por dia. As mortes, que em janeiro bateram em 3000, estão em 700. Perfeito não está. Mas está melhorando. Podem ter otimismo.
O problema é que é só um país, rico, que pode quase tudo, quando chega um presidente melhorzinho dá virada radical. O resto – isso inclui nós – continua na mesma. Às vezes piora. O demente é contra exatamente as coisas que podem tirar os seres humanos daqui do buraco.
Ele arrota diariamente que foi eleito, é legítimo, manda, não pede, que não ousem desobedecê-lo porque ele desce o pau. Afirma que pode despachar as tropas do exército dele para impor suas ordens. Chega a falar nisso com o livrinho da constituição na mão. Cita o artigo quinto, o das liberdades.
O presidente do senado, mineiro, parece melhorzinho, está deixando a CPI correr. O da câmara, alagoano velho político, meio lambuzado por acusações, fecha e não abre com Jair.
O general Pazu, velho palerma, saiu mas atrapalha ainda. O ministro novo é médico, mas está em cima do muro, parece barata tonta, ora se inspira na ciência, ora obedece o Jair. Não sei se pode esperar muito dele.
E aí vem a questão: vai esperar até o fim do mandato? Vamas continuar condenados a pelo menos uma estrepolia por dia de tenente, capitão, presidente? Quieta, esperando o fim? Tira ele e fica o Mourão, esse é menos burro mas também perigoso. Por que é que o TSE não levanta a cabeça e cassa a chapa toda? E aí fica com o Lira, da câmara, o alagoano.
Como é que esse povão foi colocar essa turma lá em cima? A Zambelli, a Bia Kicis, o major Hugo, o Major Olimpio (esse deus já levou), a gordinha Joice Hasselman, imagine, até o Kim Kataguiri. Tem também a Damares, o chanceler aloprado, a Teresa Cristina Miss Veneno, o Paulo Guedes, esse um paspalhão incompetente fingindo de posto ipiranga. Lista longa essa.
E já vou avisando, se ficar só reclamando, vai ter repeteco no ano que vem. Já pensou, mais quatro anos, por que não oito, doze, aí eu já morri.
Va se mexer, amiguinha. Fale com seus vizinhos, parentes, até quem encontra na rua, mesmo de máscara, não pare de falar. Faça postagem, abra blog, mas siga com interesse os que tem. Informe-se, não confie numa só fonte, estude história por favor.
Roberto Garcia é jornalista.