Só resta a Bolsonaro apostar no caos

 

Por Simão Zygband

 

Se é que ela existe, a política de Jair Bolsonaro parece a música Desordem, dos meus amigos Titãs, criada em 1988. Em uma estrofe ela diz:

“Quem quer manter a ordem; quem quer criar desordem”.

Virtualmente derrotado nas urnas, apesar de todas as manobras eleiçoeiras, Bolsonaro apela para seu instinto animalesco e conclama a população para construir o caos. Nas urnas, o meliante que infecta a cadeira presidencial já sabe que não ganha. Neste momento, para evitar uma derrota acachapante ainda no primeiro turno, executa um derrame de dinheiro público a seus aliados para ver se ao menos consegue levar as eleições para o segundo turno. É um ser tão desprezível, um sádico que aposta no derramamento de sangue.

A necropolítica de Bolsonaro se estende para todas as suas ações quadrilheiras: a omissão na compra da vacinas contra a Covid, que ceifou 670 mil vidas, o genocídio indígena com o incentivo de invasão dos territórios por garimpeiros, madeireiros, pescadores clandestinos, narcotraficantes, fomentando a guerra na Amazônia (que culminou com o assassinato do jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira e a queimada de milhares de hectares de florestas tropicais), o sufocamento e assassinato por gás lacrimogênio de Genivaldo Santos pela Polícia Rodoviária Federal  em Sergipe e a execução do militante petista, Marcelo Aloísio de Arruda, em Foz do Iguaçu, durante uma festa onde comemorava 50 anos.

O seu assassino, o bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, queria chacinar a todos os participantes, mas assassinou o petista à sangue frio na frente de seus filhos e convidados e somente não consumou o massacre pois foi contido exatamente pela vítima. A violência, como se vê, explode de norte a sul do país, fruto da cultura do ódio e do banditismo.

Este clima de terror e de absoluta impunidade (o que é sempre pior) é fruto da mente psicótica de Bolsonaro, um sujeito adoentado mentalmente que sorri da desgraça alheia e do sofrimento do povo. O suposto presidente imitou gente sufocando com Covid, disse que era Messias mas não Deus para conter a pandemia, desdenhou de índios, negros, homossexuais e mulheres, manipula a Polícia Federal para que não investigue os crimes de seus filhos e cúmplices, compra parlamentares para passar os projetos mais danosos à soberania nacional, não faz nenhum esforço para controlar os preços dos alimentos e dos combustíveis, literalmente trazendo a fome e a desesperança a milhões de lares brasileiros.

Bolsonaro só tem agora, no seu delírio psicótico, o incentivo à violência política. Acredita que o seu governo, loteado de cargos muito bem remunerados por oficiais das Forças Armadas, os terá a seu lado em um eventual levante golpista contra a derrota que se configura a cada dia que passa ao se aproximar das eleições de 2 de outubro. O problema dos fascistas é que não é certa a adesão do baixo oficialato a qualquer aventura golpista, pois não deverão servir de bucha de canhão para manter privilégios dos altos escalões do Exército, Marinha e Aeronáutica.

Por enquanto, o sádico Bolsonaro vai se divertindo ao assistir a tragédia que se abateu sobre o povo brasileiro após o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e a sua nefasta eleição, realizada através de mecanismos pouco ortodoxos de campanha, como disparos milionários de whatszapp, simulação de um providencial atentado à faca (que o retirou dos debates entre os candidatos) ou a ilegal entrevista que deu à TV Record, sozinho, às vésperas das eleições de 2018.

Só resta a Bolsonaro apostar no caos. Mas como diz o ditado popular, quem planta vento, colhe furacão. Nunca é certo que todo este pensamento maligno dê certo. O miliciano que ocupa a cadeira presidencial e seus asseclas não primam pela inteligência.

Vamos nos preparar!

 

Desordem

Os presos fogem do presídio
Imagens na televisão
Mais uma briga de torcidas
Acaba tudo em confusão
A multidão enfurecida
Queimou os carros da polícia
Os preços fogem do controle
Mas que loucura esta nação!
Não é tentar o suicídio
Querer andar na contramão?
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Não sei se existe mais justiça
Nem quando é pelas próprias mãos
População enlouquecida
Começa então o linchamento
Não sei se tudo vai arder
Como algum líquido inflamável
O que mais pode acontecer
Num país pobre e miserável?
E ainda pode se encontrar
Quem acredite no futuro
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
É seu dever manter a ordem
É seu dever de cidadão
Mas o que é criar desordem
Quem é que diz o que é ou não?
São sempre os mesmos governantes
Os mesmos que lucraram antes
Os sindicatos fazem greve
Porque ninguém é consultado
Pois tudo tem que virar óleo
Pra por na máquina do estado
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?

 

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