Por Simão Zygband
A Virada Cultural é uma marca importante da cidade de São Paulo, uma ideia surgida no governo de Marta Suplicy (PT) e turbinada no de Gilberto Kassab (PSD), um dos projetos positivos que mostrou bom senso para a realização entre duas gestões de partidos divergentes.
A ideia de trazer a Virada Cultural para São Paulo foi concebida por Marta Suplicy em uma viagem que ela fez a Paris quando era prefeita. Ela viu que simultaneamente haviam lá vários eventos por ocasião de uma festividade naquela cidade (possivelmente o aniversário). Ela foi embrionada por Alexandre Youssef, então coordenador da Juventude da Prefeitura e se chamava São Paulo Não Dorme.
A gestão de José Serra/ Gilberto Kassab deu continuidade e turbinou os eventos e os espalhou pela cidade, o que mostra o quanto é importante proporcionar cultura para a população, independentemente de partidos políticos.
Enfim, o problema destas manifestações de massas na atual conjuntura, ainda mais durante um governo de ódio como o do atual ocupante da cadeira presidencial, agravado por uma crise econômica sem precedentes e após uma pandemia de Covid-19 (que volta a assombrar os lares brasileiros) é que os episódios de violência eram previsíveis. Elas já haviam ocorrido anteriormente, mas não com estas características de arrastão.
Claro que isso não é motivo para não realizar a Virada Cultural, que volta a regar com recursos um setor que ficou paralisado e à míngua durante a pandemia. Mas, a Prefeitura, governo do Estado e a mídia deveriam ter feito um trabalho mais maciço de conscientização (não causar o pânico, evidente), mas mostrar que estava atento a este tipo de episódio, inibindo a ação dos bandidos.
Na Virada Cultural houve arrastões, agressões, roubos e furtos de celulares, violência policial, e até show interrompido. A apresentação no palco principal, do funkeiro Kevinho foi interrompida no Vale do Anhangabaú, Centro de São Paulo, por orientação da prefeitura após repetidos episódios de violência durante show entre a noite de sábado e madrugada de domingo. Houve arrastão também no show da Margareth Menezes, causando pânico entre os espectadores.
Parte do público criticou a atuação das forças de segurança. Acusou policiais militares e guardas-civis metropolitanos de não agirem para impedir os crimes e ainda atacar e ferir pessoas.
Jornalistas presenciaram o momento que agentes da Polícia Militar (PM) bateram com cassetete numa estudante, que ficou sangrando e precisou de atendimento médico. Outras pessoas também ficaram feridas após terem sido agredidas por grupos de 30 a 50 criminosos.