Por Walter Falceta
Não dá para não lembrar da Saudosa Maloca, do companheiro corinthiano Adoniran Barbosa. Machuca!
Hoje, depois da privatização criminosa do estádio, a preço de banana, começaram a derrubar o tobogã do antigo Pacaembu, construído com o suor da coletividade paulistana.
Não dá para não chorar, porque se vai um pouco da nossa história. Lembro de estar lá com o Márcio, em 1991, de olho no placar de um jogo do Vitória contra o Fluminense, para saber se nos classificaríamos. Não deu! Nos abraçamos em recíproco apoio.
Ali, assisti ao show dos criadores do rock and roll com a Dani. Estive lá com o Diego no famoso 5 a 1 sobre o Vasco, de 1995, talvez o maior público do tobogã em todos os tempos.
Foi no dia em que a PM abateu com arremesso de caixotes aqueles que tentavam assistir ao jogo do morrinho do lado oeste.
Laura esteve comigo lá ainda pequenininha, quando começava a entender o mundo. Com o Lucca, vários jogos incríveis, como o título de 2009.
Muitas partidas com a pequena Sofia, como aquela incrível decisão da Copa São Paulo. Ela no meu colo; depois nos ombros do Lucca. Aprendizado de vida.
Desmoronou tudo, em benefício do capital burro, que prefere demolir a valorizar.
Porque só se pensa no dinheiro, dinheiro, dinheiro, consumo, consumo, consumo, shopping, shopping, shopping. Ali não era lugar para isso, simplesmente.
O tobogã era o povão mais simples, os atrasados que trabalhavam e não conseguiam ingresso para os outros setores, eram os mais jovens sem grana, era onde se estendia o primeiro grande bandeirão.
Que fique o lamento e a esperança de Caetano…
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Fotos: facebook do Walter Falceta
Walter Falceta é jornalista e coordenador do Coletivo Democracia Corintiana (CDC)