Não deixamos, Leandra! Nos empurram goela a dentro

Por Luis Otavio Barreto

Gosto da Leandra Leal. Excelente atriz. Leandra errou a pergunta; não é que tenhamos deixado. Eu não deixei, ao contrário! Com meu voto eu deixei bem claro que ele, por mim, não seria presidente. Igual ao meu voto, outros milhões. Não é que Bolsonaro seja competente ou carismático ou que tenha sido escolhido por isso ou aquilo; a esquerda, em 18, estava visivelmente desfragmentada, com 3 opções de voto e com Lula num esquema sujo, arquitetado por Moro, Dalagnol et Caterva.

Nos empurraram Bolsonaro goela a dentro.

Também contou com o apoio de uma elite ressentida, com o apoio de setores religiosos, com destaque para o catolicismo conservador e o evangélico neopentecostal, no qual uma pseudo-elite, pobres soberbos e um outro bando de gente belicosa e ressentida de si mesma.

Outra vez, nos empurraram Bolsonaro goela a dentro.

Voltemos ao tema; a pergunta, cara e talentosa Leandra, não é como deixamos que fosse presidente, mas, e agora sim, como deixamos que continuasse! Nem uma, nem duas, nem três, escrevi que somos um povo que não tem culhões, que somos covardes. Eu não sei que espécie de efeito é este que este homem causa, a ponto de ainda ter quem o siga, ou por outra, sei; a simpatia entre os mais baixos sentimentos e emoções de um sujeito. Se atraem, comungam no horror. Estes são imorais.

Repito: nos empurraram Bolsonaro goela a dentro.

Seria culpa da amoralidade?! Não! Decerto estes também são, no escuro, partidários da causa bolsonarista. Leandra, enquanto caminho para o fim deste texto, tento achar novas interpretações para sua pergunta. Não consigo! De modo que, humildemente, seguirei com a minha pergunta, abalizado pelas recordações das incessantes campanhas que eu e tantos amigos, colegas, conhecidos e desconhecido fizemos contra a eleição deste homem odioso. “Eu tô avisando” foi o mote das campanhas. Infelizmente, hoje, para mais de quinhentas mil famílias e para tantos milhões, nós dizemos: “Eu te avisei”.

Leandra, cheguei ao fim. Nós não deixamos. Ele nos foi empurrado goela abaixo. Estamos, seriamente, envenenados. Já passou da hora de vomitar este homem, de desintoxicar, literalmente, o Brasil. Não deixamos! Nos obrigaram! Precisamos vomitar, o quanto antes!

 

Luis Otavio Barreto é músico pianista e professor de língua portuguesa.

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