Atrás do trio elétrico só não foi quem não sabe, mas já morreu

Por José Antonio Leite

Esta quarta-feira não amanheceu cinza. “Ainda estou aqui” virou o maior samba-enredo da história do Brasil.

Na avenida, no blocão, no bloquinho, no boteco, na sala de casa — faturamos o Oscar e nossas duas Fernandas arrancaram gritos de gol de nove em cada dez brasileiros.

Da minha minha mãe ao meu filho, passando pela minha avó à minha tia que nem gostava da fuzarca.

Está na cara! Com tanto ódio espalhado por ai, como tanto ensaio de ditadura, como disseram os baianos, o segredo está na cura do medo.

No medo que está na medula. E quem tinha medo descobriu a cura: matou a família e foi ao cinema, jogou fora a velha carapuça que os milicos lhe botaram na cuca, trocou pela máscara da Nandinha; vestiu a fantasia e botou o bloco na rua.

Só não foi o cidadão de bem, o troglodita, o governador da Beretta, o general torturador e o pastor picareta.

Ficou na surdina o juiz de Curitiba, quem viajou na goiabeira e rezava pro pneu.

Atrás do trio elétrico só não foi quem não sabe, mas já morreu.

José Antonio Leite é jornalista 

 

Contribuição para o Construir Resistência ->

Respostas de 3

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *