O oportuno Crônicas do Irã

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Por Simão Zygband 

“Não devem estar à frente das discussões aqueles que pregam a extinção do outro”.

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Chega em boa hora e em momento oportuno aos cinemas o filme “Crônicas do Irã”, de Ali Asgari e Alireza Khatami, que produziram por conta própria, evidentemente sem apoio governamental, tendo posteriormente conseguido lança-lo no Festival de Cannes e também exibi-lo em Londres, Chicago e demais festivais internacionais, como um dos mais proeminentes exemplares nos últimos anos do excelente cinema iraniano.

O filme traz uma importante reflexão para se colocar um pouco de luz em uma das mais obscuras guerras desenvolvidas por sanguinários criminosos, contra quem foram solicitados inclusive pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) pedidos de mandados de prisão: o primeiro -ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, assim como para lideranças do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, líder militar, Mohammed Diab Ibrahim al-Masri, líder das Brigadas Al-Qassam e Ismail Haniyeh, líder político.

No atual momento do conflito entre Israel e Hamas, o filme se torna bem vindo por incluir um componente de debate e reflexão por que a guerra fratricida que ocorre na região também passa pela tentativa de expansão não somente do território israelense, mas também do islamismo como força mundial, repudiando o modelo de vida ocidental representado pelos EUA e pelos israelenses, mas também tentando impor  um estado totalitário islâmico.

Evidente que a equação do conflito no Oriente Médio não deverá acontecer enquanto houverem lideranças como os assassinos Netanyahu e Sinwar, em lados opostos da mesa. São terroristas sanguinários que nem de longe pretendem o diálogo. Um depende umbilicalmente do outro, ambos credores da indústria armamentista, exatamente quem lucra com o derramamento de sangue, além dos bancos internacionais, uma sombra atrás de todos os conflitos que geram negócios. É como se grupos mafiosos como o PCC ou as milícias cariocas se sentassem á mesa de negociação para discutir a questão de segurança nas comunidades.

O Hamas, um grupo terrorista que se supõe libertador de Gaza, é financiado pelos aiatolás do Irã e do Iêmen. O modelo político vigente naquele território em disputa, e que agora é destruído por Israel,  não é muito diferente do de seus financiadores. São estados totalitários, homofóbicos e misóginos. Isso não os impede de ter um território próprio, assim como Israel. Estas questões devem ser tratadas e negociadas internamente por seus povos. A mim, particularmente, judeu que não professa a religião judaica (e há controvérsia nisso também), não existe outra solução senão a criação do estado palestino e a manutenção do judeu. Outra ideia diferente desta tem o cheiro azedo de antissemitismo e de islamofobia. Se não funcionar, então se encontra outra solução. Mas não devem estar à frente das discussões aqueles que pregam a extinção do outro.

Crônicas do Irã apresenta uma série de vinhetas que mostram as vidas de pessoas comuns e bem diferentes umas das outras, enquanto lidam com adversidades sociais, religiosas e institucionais e montam retratos divertidos (mas não menos complicados) do dia a dia da população iraniana.

Deve ser assistido, independentemente do seu olhar.

 

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