O que você está esperando, Márcio França?

Por Simão Zygband

 

As redes sociais têm criado grandes especialistas em tudo: estrategistas políticos com palpites sobre as eleições de outubro, política internacional com a guerra entre Rússia e Ucrânia e técnicos de futebol para definir qual estratégias o treinador tem para o seu time predileto.

Também tento me aventurar nas coisas da política, pois dar palpite na vida alheia e naquilo que se supõe o caminho certo é uma das maiores práticas do mundo moderno virtual. Não paga nada e o pior que pode ocorrer é vários leitores não gostar das suas opiniões. Não dói nada e a vida segue normal.

Bem. Vou colocar minha colher enferrujada neste tema tão importante para a disputa eleitoral paulista. Não entendo por que o ex-governador Márcio França ainda não abriu mão de sua candidatura para apoiar Haddad. Possivelmente é uma posição de seu partido, mas esta insistência com a candidatura dele a governador pode ocasionar perdas significativas. Ser senador por São Paulo é um orgulho para qualquer político.

No acordo do PSB com o PT em São Paulo, França deveria (na opinião dos petistas) sair candidato ao Senado, deixando o espaço de disputa livre para Fernando Haddad, que lidera as pesquisas de opinião de votos. O próprio França já aventou a hipótese de que o pior colocado entre o candidato do PT e do PSB deveria renunciar a favor do outro.

Claro que pesquisas são reflexos de momento político e tudo pode mudar, inclusive nas eleições paulistas, onde, de fato, tudo pode acontecer. Mas é incompreensível, na minha opinião, que França mantenha sua candidatura tendo a grande chance de se eleger senador por São Paulo. Claro que nada neste estado é uma barbada, com o complicador de só poder desta vez eleger um único senador.

França deveria sim retirar a sua candidatura para tentar o Senado. Desta vez, ao contrário da eleição de 2018, onde parte do eleitorado petista rachou e fez voto útil para ele ir ao segundo turno, terá integralmente os votos do PT para senador, além de todos os da frente de oposição ao bolsonarismo no estado de São Paulo.

O ex-governador foi empurrado pelo voto rachado do PT para o segundo turno contra João Doria, e só não venceu a disputa pois o tucano colou sua imagem em Bolsonaro enquanto França não conseguiu se desvencilhar da pecha de ter trabalhado com Lula, que ainda estava preso ilegalmente, fruto da perseguição política armada pelos golpistas através do juiz fraudulento, Sérgio Moro. O ex-presidente tinha, na ocasião, forte rejeição, construída pela mídia hegemônica, aliada e articuladora do golpe. Mas isso a história se incumbiu de dissipar.

Com todo o respeito, França deve seguir o exemplo de Guilherme Boulos, do PSOL, e renunciar à sua candidatura a governador. Claro, tudo na política é um tiro no escuro, mas dificilmente, caso não se eleja para o Senado, será esquecido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com grandes chances de se eleger. É inegável que ser senador é motivo de orgulho para qualquer político, pois, além de tudo, proporciona um mandato automático de 8 anos.

Márcio França foi um dos articuladores, junto com Fernando Haddad, da costura política que levou o ex-governador Geraldo Alckmin a se filiar ao PSB e se credenciar para ser o candidato a vice-presidente na chapa do Lula. Com certeza este movimento não será em vão.

O que você está esperando, Márcio França?

 

 

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