Construir Resistência
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Seriam os camisas amarelas de hoje os camisas verdes de ontem?

Por Helvidio Mattos

Admito que não tenho conhecimento suficiente para responder essa pergunta. Não estudei a fundo sobre os camisas verdes de Plínio Salgado. Mas, vistos de muito longe, pareciam eles menos agressivos e bem menos ignorantes que os camisas amarelas da atualidade.
Tinham um grito de saudação apropriado da língua tupi que significava “Você é meu irmão”. Carinhoso, não é?
Cá entre nós, a palavra Anauê é muito mais sonora do que Mito, que os amarelinhos gritam para o líder deles.
Outra diferença é que Plínio Salgado, líder dos verdes, foi a Itália em 1930 para conhecer o fascismo de perto. Dizem que ele ficou muito bem impressionado com aquilo. Tanto é que em 1932 (já de volta ao Brasil) lança o Manifesto de Outubro com as diretrizes para a fundação de um novo partido político: Aliança Integralista Brasileira. A ideologia da AIB era tão próxima do nazifascismo que teve até sede dividida com o Partido Nazista na cidade de Rio do Sul em Santa Catarina. Além disso o movimento era financiado em parte pela embaixada italiana.
Já o inominável ‘cara da casa de vidro’ não consegue ser aceito em partido algum desde que naufragou a ideia de criar uma agremiação para chamar de sua. Em questões financeiras, ele e seu clã têm muito o que explicar.
No quesito agressividade, os camisas verdes de ontem eram mestres em espancar negros em suas manifestações de rua. Em 1934, o ódio se voltou para o Partido Comunista Brasileiro, cujos integrantes passaram a ser perseguidos pelas súcias dedicadas a brigas de rua e terrorismo urbano.
Coincidência ou não, os camisas amarelas estão por aí atacando tudo e todos que diante de burrice deles são comunistas ou quem se oponham ao tal do Mito.
Lembram do grupo dos 300 de Brasília?
Pontos em comum são achados ainda na lista de apoiadores. A IB tinha o suporte de cidadãos italianos e portugueses, de militares da Marinha e das classes alta e média.
O capitão expulso do exército por tentativa de terrorismo urbano tem na classe alta (empresários e milionários que se mantêm à custa dos mais pobres) nas FFAA e nas PMs e nos motociclistas cariocas seus principais apoiadores.
Assim como a ultradireita brasileira de hoje, a ultradireita brasileira de ontem era pródiga em seus discursos recheados de palavras como pátria, deus e nacionalismo.
Após amargar um exílio de 7 anos em Portugal, o fascista Plínio Salgado foi eleito duas vezes deputado (uma pelo Paraná e outra por São Paulo) e disputou as eleições para presidente da república em 1955 (recebeu 714 mil votos, 8% do total).
Após facilitar a morte de 500 mil brasileiros na pior crise humanitária do país, de abrir a porta para que a Amazônia fosse devastada, de fazer de tudo para acabar com a cultura e a ciência brasileiras e deixar o povo morrer de fome, o fascista de plantão deveria ter o mesmo fim do fascista Benito Mussolini, pendurado de cabeça para baixo em um posto de gasolina qualquer.

Helvidio Mattos é um jornalista paulistano que optou por viajar pelos cinco continentes e pelas entranhas do Brasil em busca de histórias humanas e contá-las para quem quisesse ouvir.
E não é que deu certo?

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