Por Hugo Souza no Come Ananás
Segundo a imprensa de referência, o presidente da Agrishow, Francisco Matturro, passou a mão no telefone, procurou o número do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ligou, esperou o “alô” e disse algo como: “senhor ministro, bom dia. O presidente Bolsonaro será a estrela da abertura do evento. Acho uma boa ideia, então, o senhor vir só no segundo dia, se é que o senhor me entende”.
Lula levou o agro à China. O agro levará Bolsonaro à Agrishow.
A Agrishow é a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, segunda maior do mundo, realizada anualmente em Ribeirão Preto. A presença do ministro da Agricultura de turno na abertura é “tradição”. A abertura da Agrishow 2023 será na próxima segunda-feira, 1º de maio. A direção da feira tentou “reagendar” Fávaro para a terça-feira, 2, a fim de não causar “constrangimento” entre o governo democrático eleito e empossado e o genocídio, o golpismo, o fascismo, o tráfico internacional de pedras preciosas. Fávaro, a princípio, cancelou sua participação.
Em língua portuguesa, a Agrishow desconvidou, preteriu o governo Lula para acolher Bolsonaro na abertura da feira, tentando transferir o ônus do despudor a um obscuro presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, de quem teria partido o convite a Bolsonaro.
A Agrishow é patrocinada pelo Governo Federal, com a marca “Brasil: união e reconstrução”, e pelo Banco do Brasil, um banco público. São também patrocinadores da Agrishow o Bradesco, o Santander, o Sicredi e o Sicoob, entre outras corporações.
A indefectível Sociedade Rural Brasileira, uma das organizadoras da Agrishow, divulgou nota dizendo que a feira é “democrática, apartidária, aberta a todos”.
A presença de Bolsonaro na abertura do evento, porém, depois de tudo, só prova que o agro é fascio, além de ser, o latifúndio, raiz dos maiores problemas do Brasil – os rurais e os urbanos.