Por Simão Zygband
Parte da diplomacia mundial contesta a vitória de Nicolás Maduro em eleição tumultuada realizada no último domingo, na Venezuela, onde o candidato governista, atual presidente da República, venceu a oposição com 51,2% dos votos. O governante se comprometeu a apresentar todas as atas e listagens das urnas, suas respectivas contagens, requisito básico para que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheça a vitória do chavista.
Maduro responsabilizou os opositores, Maria Corina Machado e Edmundo González pelo que chamou de “ataque criminal” ao processo eleitoral com a “intenção de golpe de Estado”. O presidente reeleito da Venezuela fez um apelo à Câmara Eleitoral do Supremo Tribunal de Justiça para realizar uma perícia e certificar os resultados das eleições. O governo Lula tende a reconhecer a vitória do candidato das esquerdas venezuelanas.
No entanto, Maduro pediu ao mais alto tribunal eleitoral venezuelano que abordasse “este ataque contra o processo eleitoral”, que descreveu como uma “tentativa de golpe de estado”, e esclarecer “tudo o que precisa ser esclarecido sobre este processo”. Sugeriu ainda que a Câmara Eleitoral convoque instituições, candidatos presidenciais inscritos e partidos políticos para “comparar o que foi este ataque e elementos de prova”.
A Venezuela é um espinho nos pés dos interesses norte-americanos no continente. Olhando algumas imagens da maneira como uma parte da população venezuelana contestou os resultados nas urnas, derrubando estátuas de Hugo Chaves em algumas cidades, era notória a presença de infiltrados pagos pelos direitistas para criar um caos no país. Nada muito diferente do que ocorreu no Brasil onde desqualificados financiados pelos derrotados implementaram um quebra-quebra e atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
A ação de marginais ligados ao narcotráfico e às milícias, que agem como um governo paralelo na Venezuela, no México, na Nicarágua, Costa Rica e Brasil, são o que há de pior e mais nefasto na política latino-americana. Maduro segue a linha do seu antecessor, Hugo Chavez, um militar de esquerda, com forte apelo popular, que militarizou a Venezuela, dando-lhe ares de ditadura. É a forma que eles mantém o regime bolivariano, que tem raízes profundas na população pobre de Caracas e outras cidades venezuelana.
No Brasil, curiosamente, desenvolveu-se uma casta de militares que se misturou com o crime organizado, fruto do nefasto governo autoritário implantado no país em março de 1964, com nenhum apelo popular. O ex-presidente Jair Bolsonaro, se é que se pode chamá-lo desta forma, era admirador dos torturadores, inclusive do carrasco coronel Brilhante Ustra, tornando-se o mais nocivo mandatário nacional, totalmente vinculado às milícias e ao crime organizado. É importante lembrar que na gestão do inominável, foram apreendidos 40 quilos de cocaína na Espanha, dentro do avião da comitiva presidencial.
Pode-se não gostar de Nicolás Maduro ou do regime chavista. Mas conviver com governos de extrema-direita não é salutar para nenhum país. Que os digam os hermanos argentinos. É evidente que apesar da dureza militaresca, Maduro continua sendo ainda a melhor opção para a América Latina, para a Venezuela e os venezuelanos.
É aceitar um governo militarizado por oficiais de esquerda ou encarar o caos praticado pela a extrema-direita e seus aliados do tráfico ou das milícias.
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