Por Simão Zygband
Foto: Wagner Carmo/CBAt
Rosângela Cristina Oliveira Santos é uma velocista brasileira, recordista sul-americana dos 100 metros rasos e primeira brasileira a correr a distância em menos de 11 segundos, com a marca de 10.91 conquistada na semifinal do Campeonato Mundial de Atletismo de 2017, em Londres.
Ela foi medalhista de bronze no revezamento 4x100m nas olimpíadas de Pequim. Sem dúvida é uma das principais velocistas brasileiras dos últimos anos e ameaça encerrar a carreira por falta de patrocínio. Para complementar renda (recebe bolsa atleta, insuficiente), trabalha como motorista de aplicativo.
Rosângela Santos não teve seu contrato renovado pelo clube Pinheiros de São Paulo e desde os jogos de Tóquio tornou-se “Uber” no Rio de Janeiro para se manter financeiramente. É a triste realidade de uma atleta de alto rendimento, abandonada pela falta de uma política esportiva do desgoverno Bolsonaro.
“Sem nenhuma explicação plausível do responsável. Acham mesmo que vale a pena passar por tudo isso. Ter que levantar cedo, ir treinar dois períodos, depois ter que pegar o carro e fazer corridas no app para poder ter renda? Estou vendo que o momento de me aposentar do atletismo está cada vez mais perto”, desabafou a velocista.
“Eu estou me sentindo bastante cansada. Treino de manhã, de tarde. Começo a dirigir por volta de 17h e tento ir até umas 21h, 22h, porque no dia seguinte tenho que treinar de novo. Você acha mesmo que, desse jeito, para conseguir uma medalha olímpica vai dar muito certo? Acha mesmo que vale a pena? Depois de 21 anos no atletismo, passar por isso? Não está valendo mais ser atleta. Muito mais fácil focar em ser motorista de aplicativo.” desabafou Rosângela, de 30 anos.
“Essa situação me revoltou muito, principalmente com a falta de respeito. Ser sincero e honesto, isso não foi feito. Fui a duas Olimpíadas, campeã Pan-Americana, entre outros. Deixei de ir para outro clube para receber mais. Aceitei o corte esse ano com a promessa de receber depois, mas acabei dispensada”, completou Rosangela Santos.
Além da medalha de Bronze na Olimpíada de Pequim no revezamento 4×100, Rosangela também participou de quatro Jogos Olímpicos, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. A velocista também já foi a recordista Sul-Americana nos 100 metros rasos e conquistou três Ouros nos Jogos Pan-Americanos.