Por Eliara Santana
O ministro Fernando Haddad fez um pronunciamento para anunciar o
pacote de ajuste do governo.
As medidas refletem a tentativa de atender aos arautos do ajuste fiscal e ao mesmo tempo não penalizar os mais pobres.
Muito importante: coloca os fanfarrões militares no ajuste com as medidas sobre aposentadoria – para eles passarem a ter pelo menos idade mínima (sim, os privilegiados não têm), isenção de IR para quem ganha até cinco mil, mais imposto para quem ganha acima de 50 mil.
Mas hoje, nos jornalões, a voz que tem destaque e espaço é a do mercado.
“O mercado não está satisfeito”, “dólar dispara porque mercado não está satisfeito”, “plano magro e com encrenca”, “dólar dispara com anúncio de isenção de IR” – são alguns dos eixos narrativos mais em evidência nesta manhã.
É indecente.
É um alinhamento completamente vergonhoso aos ditames desse tal mercado, sem pudor nenhum em exigir a penalização dos mais pobres e a precarização depois de um tempo de economia miserável com Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, sem crescimento nenhum, economia estagnada.
Lula e Haddad são equilibristas da melhor qualidade.
Não é fácil garantir um mínimo de dignidade para os mais pobres e manter a economia crescendo e melhorando o país com a sanha neoliberal; isso só se faz com jogo político e negociação.
E sim, Haddad se cacifa muito com esse anúncio.
Eliara Santana é jornalista e doutora em Linguística e Língua Portuguesa