Por Jorge Antonio Barros – Quarentena News
Sem querer ou numa espécie de ato falho coletivo, o regime militar acabou produzindo provas dos crimes de violações de direitos humanos praticados durante a ditadura civil-militar que durou 21 anos, de 1964 a 1985.
Quando eram intimados a depor nas auditorias militares, os presos políticos respondiam às questões feitas pelos magistrados mas ao final eram indagados se tinham algo a acrescentar ao depoimento.
Era nessa hora em que muitos dos presos, que já não tinham nada a perder, decidiram revelar por que assinaram as confissões dos supostos crimes praticados por eles: foram vítimas da prática sistemática da tortura em quartéis, delegacias de polícia e prisões clandestinas.
Muitas vezes, essas torturas resultaram na morte das vítimas, que se tornaram desaparecidos políticos.
Esses depoimentos ficaram registrados nos processos no Superior Tribunal Militar.
Advogados, jornalistas e defensores de direitos humanos foram responsáveis por sistematizar e produzir cópias, clandestinamente, de mais de 1 milhão de páginas contidas em 707 processos do Superior Tribunal Militar (STM), revelando a extensão da repressão política do Brasil no período.
Assim foi criado o projeto Brasil Nunca Mais, gerido pela Arquidiocese de São Paulo e unindo um líder católico, Dom Paulo Evaristo Arns, e um protestante, o pastor Jaime Wright.
O projeto secreto chamado de A – que resultou em 6.891 páginas em 12 volumes e num livro, o best-seller “Brasil Nunca Mais” – teve como um dos principais redatores o jornalista Ricardo Kotscho, que será entrevistado ao vivo pela Turma do Quarentena News no próximo sábado, dia 19, às 11h.
Kotscho, com quem convivi durante a cobertura da primeira Caravana da Cidadania em 1993, iniciou sua trajetória em jornais de bairro e logo ascendeu a grandes veículos da imprensa nacional, como O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, Jornal do Brasil (onde foi correspondente na Alemanha), e revistas como IstoÉ e Época.
Também teve passagens por diversas emissoras de TV, como Rede Globo, SBT e Rede Bandeirantes.
Ao longo de sua carreira, Ricardo Kotscho recebeu importantes reconhecimentos, incluindo quatro Prêmios Esso de Jornalismo (um dos mais prestigiados do Brasil) e duas vezes o Prêmio Vladimir Herzog. Kotscho foi também assessor de imprensa do presidente Lula.
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