Por César Benjamin
Bolsonaristas presos em flagrante por tentar um golpe de Estado estão reclamando das condições de prisão em ginásios esportivos. Têm colchonetes e roupa de cama. Usam celulares, mas acham fraco o sinal do wi-fi.
Reclamam, mas querem implantar um regime de exceção.
Eu estive preso durante mais de cinco anos no último regime de exceção brasileiro, apesar de não ter sido condenado. Durante três anos e meio, fiquei em cela solitária. Não havia habeas corpus.
Na Polícia do Exército da Vila Militar, eu ficava nu em uma cela sem nada, tão pequena que não me permitia deitar no chão de ladrilhos. Conseguia ficar recostado/agachado ou em pé. A única água disponível era a da descarga do “boi” que dividia o espaço comigo. Comia com as mãos. Passava as noites em claro, tremendo de frio. Entrei com 17 anos e saí com 23. Nunca fui submetido a julgamento.
Eles querem que o Brasil retorne a esses tempos, mas só para os outros.