Por Paulo Pasin
Ontem o Congresso Nacional poderia ter dado uma resposta à altura das provocações golpistas do Bolsonaro. Derrotou a PEC do voto impresso, é verdade. Mas o que resultou foi muito aquém do que se esperava. A direita tradicional, ultraliberal, mostrou que seu compromisso com as liberdades democráticas é da boca para fora.
Todos os partidos da direita tradicional ( PSDB, DEM, MDB, PSD) votaram divididos, sendo que a maior parte votou com Bolsonaro. Este partidos votam unificados quando o tema é retirada de direitos da classe trabalhadora.Ontem mesmo a Câmara aprovou MP de redução de jornada e salário que incluiu “minirreforma” trabalhista.
Até na chamada centro-esquerda, PDT e PSB, a PEC do voto impresso conseguiu votos.
O PSB do Marcelo Freixo e do Flávio Dino contribuiu com 11 votos para o Bolsonarismo. Triste ver Marcelo Freixo se misturando com esta gente.
Bolsonaro tem uma estratégia golpista. Sabe que está perdendo força eleitoral. Testa os limites das instituições. Naturaliza o golpe. Sabe que o Congresso, a mídia hegemônica, o poder judiciário “ladram mas não mordem”. Muitos dizem que o imperialismo americano não defende uma ruptura na limitadíssima democracia brasileira. Pode ser. Mas alguém imagina Joe Biden tomando uma medida séria de enfrentamento com o governo Bolsonaro caso avance no sentido do golpe?
De fato, a derrota do voto impresso mostrou que o golpe não é eminente. Mas escancarou também a fragilidade das instituições na defesa das liberdades democráticas.
A esquerda não pode jogar parada, sonhando com 2022, terceirizando a luta contra as ameaças autoritárias do genocida. Precisamos retomar as mobilizações de rua, com mais empenho ainda. Nesse sentido, é preocupante o silêncio de Lula. Como principal liderança da oposição no Brasil deveria se envolver diretamente com a convocação das manifestações de rua pelo Fora Bolsonaro.