Por Simão Zygband
“O estado de São Paulo legitimou e naturalizou o comportamento violento praticado por agentes policiais”, analisa Cláudio Aparecido da Silva, ouvidor das polícias paulistas.
Claudinho, como é conhecido, foi bem tênue ao se referir à máquina mortífera em que se transformou a polícia nas mãos do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas.
Ela está sob o comando sangrento do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, não por acaso um oficial da má afamada Rota.
Tarcísio utiliza em São Paulo uma fórmula de segurança pública que não deu certo no Rio de Janeiro.
Em 2019, quando o Rio foi governado por Wilson Witzel, um fascista que mandava a polícia metralhar os pobres das comunidades em sobrevoos de helicóptero, a mortalidade dos inocentes explodiu, mas a criminalidade não.
O estilo de Tarcísio e Witzel é semelhante.
A PM de São Paulo, fazendo um resumo básico de episódios recentes, jogou um homem de cima de uma ponte dentro de um córrego e deu 11 tiros pelas costas em um jovem preto na porta de um supermercado.
Executou ainda a sangue-frio um estudante de medicina que estava alcoolizado em um hotel, matou uma criança durante uma operação policial na periferia e ameaçou os familiares durante o velório, entre outras barbaridades.
Só na operação Verão realizada no início de 2023 na Baixada Santista, a polícia de Tarcísio e Derrite já contabilizava 56 mortes, realizadas por vingança pelo assassinato de um policial PM realizado por criminosos não fardados.
Altura
Em publicação no X, o governador repudiou os atos de hoje, afirmando que “aquele que atira pelas costas ou joga uma pessoa da ponte não está à altura de usar essa farda”.
E, mais uma vez, realizou um promessa vazia, prometendo “investigações rigorosas e punições exemplares”, mas as declarações contrastam com posicionamentos anteriores, nos quais demonstrou indiferença a críticas internacionais sobre a atuação da PM.
Os dados sobre a violência policial em São Paulo revelam um quadro alarmante.
De janeiro a setembro de 2024, 474 pessoas foram mortas por policiais, segundo a Secretaria de Segurança Pública.
A maioria das vítimas era negra (64%) e homens (99%).
69 adolescentes foram mortos desde o início da gestão Tarcísio, em 2023, de acordo com o Instituto Sou da Paz.
Isso significa que um jovem menor de idade é morto pelas polícias paulista, em média, a cada nove dias.
Especialistas apontam que o enfrentamento à violência policial exige mais do que investigações pontuais e promessas de punição.
Reformas estruturais são necessárias para combater a cultura de impunidade dentro das corporações.
“O policial que atirou nas costas do rapaz já tem três mortes na carreira e nós estamos pedindo o afastamento imediato das ruas e também o desarmamento dele. Esse policial não pode andar armado, não tem equilíbrio para isso.
“Já o caso do rapaz arremessado de uma ponte dentro do córrego é mais um capítulo grave, ambos frutos da impunidade”, argumenta o ouvidor das polícias.
Simão Zygband é jornalista e editor do site Construir Resistência
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Uma resposta
Este é o governador que, em 8 de março deste 2024, a respeito das denúncias à ONU de sua sangrenta “Operação Verão”, disse a seguinte frase:
“Pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”.