Construir Resistência
a-espera-do-tempo

À espera de um poema

Por Renata Corrêa

Um chapéu no chão
À espera de um poema-incenso…
Perfume de cedro ou cicuta
Inalado à risca dos veios,
Aos riscos dos vícios,
Às rascas dos ventos…

À aba dos meus outonos,
Espero também por um
Que me nasça longe do asfalto
E me seja intemperança…

À espera de um poema
Ou um quase apenas,
Assento versos e velas,
Transpiro letras líquidas
Pelas reentrâncias…

À ponta do carvão trêmulo,
Paciento ideias brutas
Em reflexos azul turquesa
E roxo ametista
Das tardes de desveraneio…
Reluzem palavras
Encrustadas no músculo
Involuntário da língua…

Deixo que ofusquem!
E cortem como faca afiada
A atmosfera de más novas
Com a violência que habita
Em toda poesia amotinada…

À espera de um poema,
Entre o senão e o ser sim,
Talvez Ele também espere
E queria estar além de mim.

Não lapido a natureza
De pensamentos livres…
Evoé!

 

Renata Corrêa é poeta, professora, mestre em educação. Uma das organizadoras do Coletivo de Mulheres Poetas de Niterói e do Sarau Horto Canto do Poeta. E parte do Coletivo feminista de arte e poesia, Vozes Escarlates.

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