Fuga de Ramagem coloca prego no caixão de Bolsonaro

Por Carlos Fernandes

O homem que mais abandonou aliados pelo caminho, agora se vê ainda mais prejudicado pelo abandono daqueles a quem exigia fidelidade canina

Coube ao ex-todo poderoso da ABIN do governo Jair Bolsonaro e atual deputado federal, Alexandre Ramagem, a ignomínia de expor a matéria da qual essa gente é forjada.

Não que estejamos diante de qualquer novidade dada a profusão de fugitivos das mais diferentes estirpes que o medo da prisão gerou desde o fatídico 8/1.

A excepcionalidade, porém, encontra-se no fato de ser o primeiro integrante dos núcleos principais do golpe a tentar a sorte como foragido da justiça após sua condenação já decretada.

É bem verdade que ninguém sensato espera algum acúmulo de conhecimento prático adquirido de quem faz do negacionismo e da mentira método de vida, mas a empreitada da antiga parceira Carla Zambelli nesse tipo de empreendimento deveria dizer algo para quem se acha intocável ao mero ato de fugir do país.

Seja como for, as consequências práticas da covardia de Ramagem, para além de piorar substancialmente a própria situação, pode entornar um balde de água fria nas últimas esperanças do miliciano-mor de amealhar no curto prazo o benefício providencial da prisão domiciliar.

Não que o tuberculoso Jair hoje tenha minimamente as mesmas condições de enfrentar esse tipo de tarefa. Para além das medidas restritivas já impostas, suas condições físicas e psicológicas simplesmente tornam proibitivas esse tipo de iniciativa.

O problema mesmo é que aceso o sinal vermelho em relação aos riscos agora mais do que materiais de fuga dos criminosos condenados, nada mais natural que o STF endureça ainda mais os cuidados para que o episódio não se repita.

Frigidos os ovos, Jair Bolsonaro, que não tem mais condições de atravessar a rua sem um cuidador que o segure pelo braço, terá mesmo que se acostumar com a ideia das “férias” forçadas nas pouco luxuosas dependências da Papuda, sem prejuízo do usufruto de sua peculiar culinária que tanto tem causado apreensão entre seus correligionários.

E, como cereja do bolo, não deixa de existir nessa história uma certa ironia do destino se lembrarmos que o homem que mais abandonou aliados pelo caminho, agora se vê ainda mais prejudicado pelo abandono daqueles a quem exigia fidelidade canina.

É, talvez, o tributo que a covardia presta à traição.

Carlos Fernandes é jornalista

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