Vai passar

Manifestação 19J no Rio de Janeiro homenageia os 500 mil mortos

Por Sonia Castro Lopes

Na cidade do Rio de Janeiro o dia amanheceu com uma temperatura amena. Cariocas não apreciam dias nublados, mas a programação prevista para a manhã de sábado (19) pedia um dia assim. Na última manifestação, em 29 de maio, o sol estava escaldante e caminhar quilômetros com aquele calor pôs à prova a indignação dos cariocas com os rumos da política do país. Foi tarefa para verdadeiros patriotas.

Hoje, pela segunda vez, muitos brasileiros foram às ruas e, ainda que sujeitos a contrair o terrível vírus, levavam consigo a convicção de que valia a pena correr riscos para lutar pela democracia. Munidos de máscaras e álcool gel, com o coração repleto de tristeza e revolta, dezenas de milhares de cariocas participaram da manifestação para pedir o fim deste governo execrável. Mais uma vez a esperança venceu o medo.

Impossível precisar a quantidade de manifestantes que cruzaram a Avenida Presidente Vargas desde o monumento de Zumbi dos Palmares, na Praça Onze,  até o Largo da Candelária. Mas era uma multidão que, apesar do sofrimento, cantava ao som da batucada, gritava palavras de ordem, exibia cartazes, faixas e bandeiras dando uma verdadeira aula de cidadania.

No metrô já dava para perceber o entusiasmo dos jovens que puxavam gritos de Fora Bolsonaro atraindo seguranças temerosos de que o caos se instalasse. Na estação da Central do Brasil uma turba de manifestantes deixou o trem e coalhou as escadas rolantes batendo palmas e gritando. As máscaras ocultavam os rostos, mas deixavam à mostra olhos que revelavam ousadia e indignação.

A turba marchou pacificamente até o fim da avenida e se concentrou atrás da igreja da Candelária, onde, do carro de som, alguns políticos puderam discursar. Representantes de vários partidos falaram ao público, chamando a atenção para a gravidade do momento e a necessidade de ocupar as ruas para pressionar o governo a vacinar todos os brasileiros e voltar a pagar um auxílio emergencial de R$ 600 para contornar a crise que afeta, especialmente, os mais empobrecidos.

A essa altura já se sabia que o número de mortos chegara a 500 mil. Meio milhão de vítimas em consequência do  negacionismo e negligência de um governo criminoso. São perdas irreparáveis, em grande parte evitáveis. Pediu-se então um minuto de silêncio para homenagear todos os brasileiros que tiveram suas vidas ceifadas pelo vírus. Enquanto o trompetista tocava o ‘toque de silêncio’, os manifestantes calaram-se erguendo o punho em sinal de respeito e, ao mesmo tempo, indignação.

Foi realmente emocionante presenciar esse momento de luto coletivo, sentir a dor que nos entristece, mas que não nos tira a vontade de lutar para superar a tragédia que se abateu sobre nosso país.

Vai passar, como diz a canção de Chico Buarque, o poeta que aniversariou nesse sábado (19) e comemorou a nova idade no meio da multidão. Sim, ele estava lá na passeata, junto do povo, ajudando a superar mais essa ‘página infeliz da nossa história’ porque, com certeza, ‘amanhã há de ser outro dia.’

 

Foto: Internet/Instagram @jornalistaslivres

Foto: Sonia Castro Lopes

Foto: Sonia Castro Lopes

Fotos: Sonia Castro Lopes

 

Assista ao vídeo com a homenagem aos 500 mil brasileiros que perderam a vida na pandemia. Emocionante!

Foto da capa: G1 Rio

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