A PM paulista, nas operações Escudo e Verão III, comandadas por Tarcísio de Freitas e o secretário de Segurança Pública de São Paulo, o capitão da rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), Guilherme Derrite, já contabilizava 55 mortes em pouco mais de 2 meses, muitas delas com suspeita de execução.
“O governador Tarcísio de Freitas promove atualmente uma das operações mais letais da história do estado: a Operação Escudo”, afirmou Camila Asano, da Conectas, na denúncia. Mas as acusações não se limitam aos homicídios praticados pela polícia. O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo, abriu investigação para apurar denúncias de que corpos foram levados para hospitais como se estivessem vivos, alterando o local das execuções por policiais que se recusam a utilizar câmeras nos uniformes.
É claro que o governador, fã do extremista Jair Bolsonaro, de quem foi ministro e a quem deve a eleição no estado de São Paulo, não se importa com matanças, já que certamente presenciou (se é que não participou diretamente) de um sangrento episódio no Haiti, envolvendo o Exército Brasileiro, tendo como comandante o general golpista, Augusto Heleno. Tarcísio de Freitas era um dos seus subordinados e estava entre os oficiais, em um dos postos de comando.
Na madrugada de 6 de julho de 2005, as tropas de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah), comandadas pelos brasileiros, realizaram um massacre na maior favela da capital haitiana, Porto Príncipe, a Cité Soleil, quando morreram 63 pessoas e outras 30 ficaram feridas.
A ação foi objeto de denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), baseada em depoimentos de moradores e em relatório elaborado pelo Centro de Justiça Global e da Universidade Harvard (EUA).
No documento, a Minustah foi acusada de permitir a ocorrência de abusos, favorecer a impunidade e contribuir para a onda de violência no país caribenho.
Desdém
Tarcísio deve estar querendo agora no governo de São Paulo, com tamanha letalidade da PM na Baixada Santista sob o seu comando, que o número de mortes ultrapasse os que eles obtiveram no Haiti.
O governador de São Paulo desdenha achando que a ação na ONU não vai dar em nada. Ele desafia, sorri e dá de ombros aos direitos humanos. Tal qual seu “mito”, acha linda a execução de pobres, sobretudo se for por doenças como a Covid ou ou na mira de uma arma da polícia.
Ele pretende competir em mortandade com seu ex-chefe, o general golpista Augusto Heleno, que deixou 63 famílias enlutadas em Porto Príncipe. O governador ainda está em 55, conforme a última contagem.
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Simão Zygband é jornalista, editor do site Construir Resistência, com passagens por jornais, TVs e assessorias de imprensa públicas e privadas. Fez campanha eleitorais televisivas, impressas e virtuais, a maioria vitoriosas.