Por Jorge Antônio Barros ( jornalista editor-chefe do Blog QUARENTENA NEWS)
Durante sua carreira como deputado federal, Jair Bolsonaro tinha como nicho eleitoral os militares, pensionistas e simpatizantes da ditadura militar. Em 2016, foi apresentado por um pastor — mais tarde preso acusado de corrupção — a outro segmento eleitoral: o dos evangélicos. Apesar de católico, Bolsonaro começou então a divulgar uma fotografia do seu “batismo” nas águas do Rio Jordão, o mesmo local onde Jesus Cristo foi batizadohá dois mil anos atrás, na Terra Santa. Com o slogan “Brasil acima de tudo; Deus acima de todos”, em 2018, Bolsonaro iniciou uma espécie de guerra santa que é repetida na tentativa de reeleição, em que ele propaga uma disputa entre o bem e o mal, na qual o mal seria seu maior adversário político, Luiz Inácio Lula da Silva, que está à frente das pesquisas eleitorais.
Apesar de ser o vice na campanha, Bolsonaro vence por grande margem entre a maioria dos eleitorais evangélicos e católicos mais conservadores. Com a difusão de mensagens sobre ameaça de comunismo e até fake News sobre fechamento de igrejas por Lula, Bolsonaro capturou a maioria do eleitor evangélico, apesar da aparente contradição entre o comportamento predominante do presidente – discursos de ódio, intolerância religiosa e liberação de armas – e a ética cristã-protestante no Brasil.
Os evangélicos que o apoiam, que hoje são seis entre dez, aceitam o pacto proposto por Bolsonaro. Compram a narrativa de Bolsonaro contra aborto, casamento, casamento gay e ideologia de gênero. Em troca, aceitam o ódio, as armas e o desprezo à Constituição e às leis do país. Manchete do Estadão de domingo comprovou que os dez pastores mais populares do Brasil estão dando palanque a Bolsonaro por meio de milhões de seguidores nas redes sociais. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, entrou de corpo e alma na campanha do marido, com manifestações de intolerância religiosa.
Para tentarmos entender um pouco mais sobre essa parceria entre Bolsonaro e uma boa parte dos evangélicos, o QUARENTENA NEWS vai realizar o seminário on-line Igreja Evangélica brasileira e Bolsonarismo, nos dias 25 e 26, sempre às 16h, pela nossa página no Facebook (facebook.com/quarentenanews1). Participarão do evento dois pastores e teólogos presbiterianos – Antonio Carlos Costa e André Mello, além do professor de história Flávio Macedo Ribeiro e do jornalista e escritor Ricardo Alexandre, evangélico e autor de “E a verdade os libertará: Reflexões sobre religião, política e bolsonarismo”, da editora Mundo Cristão. A mediação será de Jorge Antonio Barros, editor-chefe, com a participação do editor-executivo Bruno Thys, como entrevistador. Inscrições gratuitas pelo e-mail jabquarentenanews@gmail.com. As pessoas inscritas poderão participar com perguntas aos palestrantes.
PERFIL DOS PALESTRANTES
Antonio Carlos Costa
Teólogo, jornalista e fundador da ONG Rio de Paz. Nascido no Rio em 1960. Casado com Adriany e pai de três filhos (Pedro, Matheus e Alyssa).
André Mello
Pastor da Igreja Presbiteriana da Aliança ( IPB/Florianópolis), coordenador da setorial de liberdade religiosa (livres), membro a Associação Brasileira de Cristãos na Ciência, jornalista, escritor, tradutor, casado, cidadão brasileiro.
Flávio Macedo Pinheiro
Graduado em Ciências Sociais, Filosofia e História pela USP, e em Teologia pelo Mackenzie. Professor de ensino básico há 18 anos. Antes foi operário. Presbiteriano há 19 anos. Presbítero da IPB durante 13 anos, lecionando e pregando na igreja. Após perseguição política e religiosa, que o levou a ser afastado do presbiterato por um ano, foi restaurado após anulação do julgamento e permanece na IPB, mas agora se transferiu para uma igreja em outro bairro.
Ricardo Alexandre
Jornalista com quase 30 anos de experiência nos maiores grupos de comunicação do país. Também é conhecido por seus livros, documentários, artigos, palestras e por sua atuação no rádio e em vídeo. Já colaborou com veículos como “Superinteressante”, “Época”, “Carta Capital”, “Vida Simples”, “Revista MTV”, Multishow e muitos outros. Seu trabalho diante da revista “Época São Paulo” (2008/2010) recebeu, entre outros, o prêmio de excelência da Society of News Design de Nova York. Seu livro “Nem vem que não tem: a vida e o veneno de Wilson Simonal” venceu o Prêmio Jabuti como a melhor biografia de 2010. Em agosto de 2020, publicou “E a verdade os libertará: Reflexões sobre religião, política e bolsonarismo” pela editora Mundo Cristão. Atualmente é um dos roteiristas do programa “Conversa com Bial”, além de produzir e apresentar seu podcast “Discoteca Básica”.
SERVIÇO
Seminário on-line Igreja Evangélica brasileira e Bolsonarismo
25 e 26 de agosto, às 18h. Duração de hora e meia cada dia. Transmissão ao vivo pelo Quarentena News (Facebook.com/quarentenanews1)
Formato: cada palestrante terá direito a 20 minutos. Os mediadores fazem no máximo duas perguntas. Depois os palestrantes têm, cada um, mais dez minutos para comentários. Jornalistas inscritos podem fazer perguntas pelo chat.