Quarentena News publica textos sobre o golpe de 64 e lança concurso entre leitores

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Por Jorge Antonio Barros

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Não é preciso ter vivido os anos de chumbo produzidos pelo golpe civil-militar de 1964 para ter consciência de que aquele foi um dos piores momentos da História contemporânea do Brasil. Em que pese o desenvolvimento econômico verificado pelo grande capital e pelas multinacionais, além da grandiloquência propagandística do regime militar, foram anos de ausência de liberdade política, mentiras, repressão, violência policial, tortura, mortes e desprezo total pela democracia. Uma pessoa em sã consciência não pode concordar que ditadura alguma preste, nem de direita e nem de esquerda.

Portanto, independentemente de sua idade e do que lhe contaram sobre o que aconteceu no Brasil depois da ditadura, basta uma visita à biblioteca mais próxima, uma busca acurada no Google ou um mergulho nos arquivos históricos independentes para saber que o golpe não foi revolução e nem prestou qualquer serviço ao país, não impediu que o Brasil virasse uma república sindicalista e nem salvou o país do comunismo. Isso é tudo balela. Uma narrativa medíocre e infame produzida pelo fascismo e pela Guerra Fria. O golpe foi nada mais do que um arranjo entre forças econômicas e políticas, usando um grupo de militares sedentos de poder que, sob as bênçãos do Tio Sam, assaltaram os cofres da nação e ali permaneceram 21 anos, se locupletando e tutelando a sociedade brasileira.

Houve resistência armada e não resta dúvida de que alguns grupos acreditavam que poderiam implantar alguma ditadura de esquerda, como reação ao golpe. Mas eram tão pequenos e tão descapitalizados que foram facilmente dizimados, com emprego de extrema e desproporcional violência. Apesar de terem colaborado para condenar a ditadura, inclusive com ações de propaganda que repercutiram no mundo inteiro, com certeza também serviram de pretexto para o endurecimento do regime e o prolongamento do período de arbítrio.

Sessenta anos depois do infame movimento, é preciso lembrar o que foi 1964. Os militares que fizeram o golpe sempre fizeram questão de rememorar seus feitos, mesmo com a redemocratização do país e com a narrativa fantasiosa de que voltaram à caserna e estavam dedicados à profissionalização. Mais uma tática de desinformação. Mais tarde, embarcaram na canoa furada do bolsonarismo, fincaram novamente o pé no poder e, como se vê agora, tentaram dar novo golpe capitaneado pelo ex-capitão borra-botas. Se a sociedade brasileira tivesse tomado consciência do que foi o golpe de 64, não teria apoiado as narrativas bolsonaristas, que chegaram ao cúmulo de negar o sistema eleitoral, inventar patetices como fraude nas eleições e se ajoelhar na porta de quartéis, pedindo a intervenção das Forças Armadas.

Na verdade, indo mais distante, se a sociedade brasileira tivesse tomado consciência do que foi o golpe de 1964 e os crimes praticados pela ditadura, não teria dado aval ao nefasto acordo político entre o grupo político de Tancredo Neves e os militares para passar panos e permitir a impunidade dos crimes dos militares, como violações de direitos humanos que resultaram em prisões arbitrárias, torturas, morte e desaparecimento forçado. O Brasil foi o único país latino-americano em que não houve acerto de contas com os militares e policiais que cometeram crimes em nome de seus golpes. Apesar de haver, desde 2010, decisão na Corte Interamericana de Direitos Humanos pela punição dos assassinos de guerrilheiros do Araguaia.

Parece bobagem, mas um povo que não conhece sua história está muito mais sujeito a repetir seus erros. Por acreditar que a democracia é o melhor regime já inventado, mesmo com todos os seus problemas, o QUARENTENA NEWS repele com firmeza qualquer tentativa de se repetir 1964, como farsa ou verdade. Por isso, enquanto alguns preferem colocar para baixo do tapete o golpe, nós defendemos que ele continue a ser lembrado com toda sua violência, que é sempre o caminho seguido pelos ignorantes.

Com essa introdução, anuncio que a partir de 31 de março teremos a publicação de uma série de textos de articulistas convidados sobre os 60 anos do golpe de 1964. Essa porta está aberta aos leitores que quiserem enviar seus textos REPROVANDO o golpe. Os três autores dos melhores textos vão concorrer ao sorteio de uma coleção completa da ditadura, de autoria do jornalista Elio Gaspari, da editora Intrínseca, com todas as despesas pagas de correio. Os textos dos leitores serão avaliados por uma comissão formada por colaboradores do QUARENTENA.

Repita comigo: #DITADURANUNCAMAIS

Jorge Antonio Barros é jornalista e editor do Quarentena News

 

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Nota do editor: Quarentena News é parceiro do Construir Resistência, um co-irmão carioca.

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