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O fogo não destruiu a #estátuadeBorbaGato, o cruel assassino de índios. A defesa civil de São Paulo disse que apesar do incêndio, a estátua – de trilhos, mármores, pedras de basalto e outras quinquilharias – a estrutura do monumento não sofreu danos estruturais. Que pena.
Alguém poderá objetar sobre o valor histórico, simbólico, sobre a importância arquitetônica e sobre as representações da estátua, isto é, numa possível defesa. E isto me lembra os discos da Nana Caymmi, do Fagner, também me lembra de Monteiro Lobato e outros nomes que fiz questão de me livrar…
Nenhuma competência, nenhum talento, nenhuma contribuição, nenhuma habilidade, nada disso pode se sobrepor ao caráter. Se há racismo, se há preconceito, se covardia, tem de se ser combatido!
Hoje, quando ouvi Juca de Oliveira falar mal de uma lei que pôs e põe comida no prato de milhares de pessoas, o excelente ator, que eu admirava, foi sepultado no campo do esquecimento. Hoje chamam de cancelamento. Respeito quem pensa diferente, respeito que continua consumindo, mas, em casa, não entra livro, não se ouve a música, não se assisti nada.
Eu tenho uma centena de riquíssimos defeitos, mas amo e me orgulho de uma característica: não faço segredo do que penso e sou bastante categórico! Há duas vias; sim ou não. É preciso se posicionar muito firmemente; se sim, sim, se não, não. O meio termo é um lugar de paradeira, portanto, não existe, portanto, não serve a causa alguma.
Voltemos; incendiar a estátua de Borba Gato é a genuína expressão de que a um assassino não se respeita e, tampouco, se homenageia. Que esses símbolos, que esses monumentos, que esse nomes de ruas, de bairros, de cidades, que essas memórias sejam apagadas! Que a história lhes faça justiça e que as futuras gerações honrem aqueles vultos que serviram ao bem e as coisas justas!
Luis Otavio Barreto é músico pianista e professor de língua portuguesa.