Por Simão Zygband

O país está entrando na fase decisiva das eleições presidenciais, quando serão decididos os destinos nacionais para os próximos quatro anos. O período lembra de alguma forma, as disputas políticas para enterrar de vez os tétricos 21 anos da ditadura militar.
Bolsonaro incorpora o que há de pior do que houve naquele infame período de trevas, evocando como ídolo o maior símbolo da crueldade existencial do regime militar, um açougueiro denominado coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um sádico que comandou o aparelho repressivo do estado de exceção, “modernizado” com o que há de pior na atual realidade brasileira, que é a existência de milícias urbanas, que aterrorizam as comunidades das grande cidade, sobretudo as do Rio de Janeiro, produzindo um pacto social forjado no submundo e na violência.
É este desafio que temos agora, há pouco mais de 20 dias da realização das eleições, em 2 de outubro, de derrotar. Esta amalgama podre, uma massa asquerosa que incorpora a banda podre das Forças Armadas, oficiais que não vêm nenhum problema em entregar a Petrobras, o orgulho brasileiro e nossas gloriosas riquezas energéticas aos interesses internacionais, como as milícias, grupos de extermínio que apavoram as comunidades, impondo regras através de ameaças e execuções e obrigando a atitudes que vão desde o controle das votação, até a compra de gás, internet e serviços nos bairros pobres das grandes cidades.
Trata-se de colocar no comando da nação pessoas da magnitude de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin (um ex-presidente e um ex-governador do estado mais importante e poderoso do país) frente ao usurpador da cadeira presidencial, cuja palavra mais alvissareira que soube pronunciar no 7 de setembro, no dia que se comemora a Independência do Brasil, que ele era (sic) “improxável”.
Este é o ser repugnante de mente doentia, que pretende ficar à frente da nação por mais 4 anos, um elemento, que ao votar no Congresso Nacional, durante o processo de golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, como deputado federal, homenageou a memória do torturador Brilhante Ustra, chamando-o de “o pavor de Dilma Rousseff”, por ter comandado as sessões de tortura contra a ex-presidenta, presa durante a ditadura militar.
Foi um ato sádico, planejado, covarde e cruel, assim como eram as sessões de torturas em centenas de pessoas que aconteceram em São Paulo, no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), sob o comando do coronel Ustra na ditadura militar, período em que foram contabilizadas 434 mortes e desaparecimentos no país, segundo a Comissão Nacional da Verdade.
Este é o mesmo então deputado que não só teceu elogios a um sanguinários torturador, como em 27 anos atuação no Congresso Nacional, defendeu milicianos e grupos de extermínio, escória não menos sanguinária e torturadora que Brilhante Ustra.
A primeira vez que se pronunciou a favor deles, foi em 2003, ao defender os grupos de extermínio:
“Enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim, terão todo o meu apoio.”
Em 2008, ao criticar o relatório final da CPI das Milícias, Bolsonaro disse que “não se pode generalizar” ao falar sobre milicianos. Na época, a CPI pediu o indiciamento de 266 pessoas, entre elas sete políticos, suspeitas de ligação com grupos paramilitares no Rio.
“Querem atacar o miliciano, que passou a ser o símbolo da maldade e pior do que os traficantes. Existe miliciano que não tem nada a ver com ‘gatonet’, com venda de gás. Como ele ganha 850 reais por mês, que é quanto ganha um soldado da PM ou do bombeiro, e tem a sua própria arma, ele organiza a segurança na sua comunidade. Nada a ver com milícia ou exploração de ‘gatonet’, venda de gás ou transporte alternativo. Então, Sr. Presidente, não podemos generalizar.”
Jair Bolsonaro, vale lembrar, foi o único presidenciável a não se manifestar sobre a execução de Marielle Franco e Anderson Gomes. E Flávio Bolsonaro foi o único deputado que votou contra a vereadora assassinada receber a medalha Tiradentes como uma homenagem póstuma.