O fator Tabata será o fiel da balança da eleição em São Paulo

Tabata E Boulosd

Por Simão Zygband

Tabata E Boulosd

Entre o mar de notícias, uma delas chamou a atenção: diz respeito à candidatura da deputada federal, Tabata Amaral pelo PSB para a prefeitura de São Paulo. Uma outra chamou mais a atenção ainda pois envolve o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rolou pela imprensa que ele estaria disposto a conceder um ministério, o da Ciência, Tecnologia e Inovação, hoje ocupado pela ministra Luciana Santos, do PCdoB, para que ela desista da campanha.

Tabata tem no mesmo partido o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin e o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte do Brasil e candidato derrotado para o Senado, Márcio França. Vieram a São Paulo apoiar a pré-candidatura da deputada pessebista. Não são forças desprezíveis e caso a candidatura dela seja para valer, promete dar trabalho, tirando votos tanto do candidato de Lula, Guilherme Boulos (PSOL), como do ineficiente Ricardo Nunes (MDB), candidato da direita tradicional, apoiado pelo inelegível Jair Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Lula teve que fazer um esforço danado para conseguir o apoio de Tabata Amaral para sua candidatura presidencial.  Inicialmente ela era um tanto refratária ao PT e ao Lula. Pesou na sua mudança de partido o namoro com João Campos, prefeito de Recife,  eleito pelo PSB. Ela se tornou deputada pelo PDT de Ciro Gomes, com quem rompeu para se aliar à Frente Ampla. A sigla se tornou uma poderosa trincheira de apoio ao candidato do PT, atraindo Flávio Dino, do PCdoB, Geraldo Alckmin, do PSDB e Marcelo Freixo, do PSOL. Foi um dos pilares da composição da coligação que saiu vitoriosa nas urnas e derrotou Jair Bolsonaro.

A trajetória de Tabata é bastante diversa. Eleita deputada, votou com o governo Bolsonaro e com a bancada de direita na Câmara Federal, ajudando a aprovar o projeto de Reforma da Previdência, criando evidente ruído com a bancada do PDT de Ciro Gomes, que rachou na votação da matéria. Na oportunidade, a deputada paulista chegou a justificar seu voto lesivo aos interesses dos trabalhadores, gravando inclusive um vídeo, onde dizia: “A reforma que hoje votamos não pertence mais ao governo. Ela sofreu diversas alterações feitas por esse mesmo Congresso. E o sim que eu digo à reforma não é 1 sim ao governo. E também não é um não a decisões partidárias. Em momentos como esse a gente tem que olhar para o futuro do país”, disse ela. Talvez tenha se equivocado.

Segundo informações da insuspeita revista Veja (ao menos em assuntos que envolvem os endinheirados), Tabata Amaral recebeu mais de R$ 1,5 milhão em recursos para sua campanha à reeleição provenientes de doadores de “peso” como Armínio Fraga,  ex-presidente do Banco Central, Elie Horn, ex-presidente da construtora Cyrela, Cândido Bracher, ex-presidente do Itaú Unibanco, e Guilherme Leal, presidente do grupo Natura, Luiza Trajano, do Magazine Luiza e Florián Bartunek, um dos sócios do fundo Constellation, que tem como principal societário o empresário Jorge Paulo Lemann, que no Brasil representa os interesses do megaespeculador George Soros. Doaram, há 4 anos atrás, cotas que variavam de R$ 50 mil a R$ 100 mil.

É contra este peso todo que Lula quer fazer Tabata Amaral desistir da candidatura. Vamos ver se ela aceita. Está em suas mãos e sua mente esta decisão. Sofrerá, com certeza, todo tipo de pressão, inclusive da sua própria vaidade. Será, sem dúvida, uma eleição das mais difíceis para qualquer candidato. A direita não vai querer perder uma cidade da importância de São Paulo, que terá apoio do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas. Tenho a impressão que ela será então o fiel da balança, que dará a vitória a Guilherme Boulos ou a Ricardo Nunes. Mas na política não existem certezas, sempre pode ocorrer o imponderável e ela pode surpreender. E pode se tornar a candidata da centro-direita, pois a aliança PT/PSOL, apoiada pelo presidente,  dificilmente não estará no segundo turno. Menos mal que seja assim, pois derrota o bolsonarismo (a direita mais indigesta), é a missão número um dos eleitores paulistanos.

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Simão Zygband é jornalista, editor do site Construir Resistência, com passagens por jornais, TVs e assessorias de imprensa públicas e privadas. Fez campanha eleitorais televisivas, impressas e virtuais.

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